Uma pesquisa em nutrição publicada pela Annals of Internal Medicine chamou atenção recentemente por sugerir que os efeitos negativos que a carne vermelha traz à saúde foram sempre tratados de modo exagerado. Entre as indicações do estudo, estava a ideia de que relacionar o consumo de carne a doenças cardíacas e câncer não trazia boas evidências científicas.
Uma nova descoberta, contudo, coloca em cheque a credibilidade da pesquisa. Isso porque os 20 pesquisadores responsáveis pelo estudo estão ligados a um braço da Texas A&M University, centro parcialmente financiado pela indústria de carne bovina. Neste ano, o programa de Agricultura e Ciências da Vida (AgriLife), da Texas A&M, se juntou aos pesquisadores e forneceu apoio para programa de ensino de gado de corte, oficinas educacionais para pecuaristas e promoção de carne bovina para os consumidores.
Além disso, um braço de marketing da indústria, que é financiado pelos próprios pecuaristas, deu suporte financeiro a vários estudos da AgriLife. Os responsáveis alegam que todo tipo de financiamento só aconteceu depois do estudo da carne ter sido concluído. "A AgriLife fez US$ 170 milhões em pesquisa em 2019, US$ 4,5 milhões em carne bovina, metade dos quais provenientes de fontes federais como o USDA", diz Patrick Stover, responsável pelo programa.