O grau de adesão do presidente Jair Bolsonaro à agenda econômica liberal tem reduzido, disse o ministro da Economia Paulo Guedes em entrevista à "Folha de S. Paulo" neste domingo (23). Isso se deve, segundo o titular da Economia, a "circunstâncias políticas" e ao fato de que "liberais sempre foram politicamente inábeis".
"O presidente é um animal político, tem um instinto político enorme. À medida que o tempo passa, ele vai se conscientizando dessas coisas políticas. E os liberais sempre foram politicamente inábeis — por isso nunca teve governo liberal no Brasil. O liberal é um ser abstrato", afirmou ao veículo.
O ministro fala, apesar disso, em "custo-benefício" de permanecer no governo e afirma ser "prestigiado" pelo presidente. Bolsonaro teria garantido a Guedes, por exemplo, que não desmembrará o Ministério da Economia. "Alguns liberais amigos falam: 'Saia, saia'. Tem o custo-benefício de ficar. Se saio porque estão pedindo para substituir um presidente de estatal por inabilidade política, será que teria acontecido a independência do BC, a aprovação do marco do gás, Lei de Falências, saneamento, privatização da Eletrobras? Tem seis ou sete ganhos expressivos", disse à Folha.
"[Sobre o desmembramento da pasta, o presidente me diz]: você tem meu apoio, Paulo, segue o jogo. Se você estiver cansado, me avisa que eu tiro um pouco de peso do seu caminhão'. Ele pergunta: 'cansou? Está com coisa demais? O que você quer desafogar? Quer tirar o PPI? A Secretaria de Previdência, que você já fez a reforma?'. Aí eu pergunto se ele está sofrendo alguma pressão política e ele diz: 'Isso é o tempo inteiro, mas eu não vou tirar, a menos que você peça'. Eu recebo essas provas claras de apoio nos momentos decisivos", afirmou o ministro.