O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta quarta-feira (20) que o benefício do Auxílio Brasil, programa que deve substituir o Bolsa Família, seja de R$ 600 mensais. Na terça-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) propôs um tíquete médio na faixa dos R$ 400, o que acabou abrindo divergência entre as alas política e econômica do governo e adiando o evento de anúncio da iniciativa. Até dias atrás, o Ministério da Economia trabalhava com um valor na faixa dos R$ 300.
Em entrevista à rádio A Tarde, de Salvador, Lula disse não ver um aumento no benefício como movimento eleitoral. “Tô vendo agora o Bolsonaro dizendo que vai dar auxílio emergencial de R$ 400 que vai durar até o final do ano que vem. Tem muita gente dizendo que não podemos aceitar, que é auxílio emergencial eleitoral. Não, eu não penso assim”, disse o ex-presidente.
“Penso que faz mais de cinco meses que o PT pediu um auxílio de R$ 600. Aliás, o PT pediu e mandou uma proposta para a Câmara dos Deputados de um novo Bolsa Família de R$ 600. O que queremos é que o Bolsonaro dê um auxílio emergencial de R$ 600. ‘Ah, ele vai tirar proveito disso’. É problema dele.” Mais tarde, o presidente publicou a mesma declaração em suas redes sociais.
O impasse em relação ao valor do Auxílio Brasil ocorre porque elevar o valor médio do benefício para R$ 400 até dezembro de 2022 custaria cerca de R$ 30 bilhões à União fora do teto de gastos. Na terça, o anúncio informal de que Bolsonaro exigiria o aumento do benefício geraram insatisfação do mercado financeiro: o índice Bovespa caiu 3,28%, enquanto o dólar comercial subiu 1,33%.