O mercado brasileiro de capitais terminou o ano de 2022 com uma queda de 10,9% de volume movimentado na comparação com 2021, de acordo com o balanço da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Ao todo foram R$ 544 bilhões, com destaque para uma queda de 57% nos títulos de renda variável e de 40,4% nos produtos híbridos – juntas, as duas categorias somaram R$ 87 bilhões em aplicações.
O restante do montante, de R$ 457 bilhões, ficou restrito principalmente aos títulos de renda fixa, que tiveram uma alta de 6,6%, com destaque para os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e Imobiliários (CRI) e debêntures para a captação de recursos para as empresas – que alcançaram recorde de R$ 271 bilhões.
José Eduardo Laloni, vice-presidente da Anbima e presidente do Fórum de Estruturação de Mercado de Capitais, explica que o aumento da inflação em todo o mundo por conta da guerra na Ucrânia fez a maioria dos países – incluindo o Brasil – elevar suas taxas de juros. Por aqui, a eleição presidencial também segurou o avanço do mercado.
“Em 2022, o mundo inteiro passou por um movimento sincronizado na emissão de renda variável. A inflação no mundo todo resistiu fortemente a essas doses de aperto monetário que todos viveram, e no Brasil não foi diferente”, disse Laloni em entrevista coletiva na terça-feira (17), ressaltando que o mercado espera uma melhora em 2023, principalmente com medidas de ajuste fiscal e a perspectiva de novas concessões nos estados.