A expectativa de mais uma safra recorde de grãos em 2020 não garante preços baixos nos alimentos, afirmou Carlos Alfredo Guedes, analista da Coordenação de Agropecuária do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o pesquisador, os preços da soja e do milho, dois dos principais produtos brasileiros, dependerão de fatores externos, como a disputa entre Estados Unidos e China, e da demanda asiática por grãos.
"No caso da soja, depende muito do mercado internacional. Provavelmente, os preços vão ficar aquecidos este ano, devido a essa queda grande [da safra] nos Estados Unidos. O mercado está esperando essa questão da disputa dos Estados Unidos e China, teve taxação de alguns produtos, e um deles foi a soja", lembrou Guedes. Quanto ao milho, o pesquisador contou que a exportação brasileira do grão mais que dobrou em 2019, alcançando 39,1 milhões de toneladas de janeiro a novembro de 2019, um aumento de 102,6%. "Geralmente, quando a gente aumenta a cultura, o preço cai. Mas como a gente exportou muito, o preço se manteve atraente. Muitos produtores que tiveram prejuízo com a soja conseguiram recuperar com o milho segunda safra. Grande parte dessa explicação é a peste suína que dizimou o rebanho da China.
O pesquisador lembrou que os preços da soja e do milho influenciam diretamente os custos da produção de frango, suínos e carne bovina. "Enquanto a produção chinesa de suínos não se estabilizar novamente, não se recuperar, a gente deve estar exportando milho. Em torno de 70% do custo da ração do frango e suínos refere-se ao milho. A soja vai para a ração, mas em porcentual menor", detacou.