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Quase 80% das negociações coletivas realizadas em janeiro terminaram com aumento real de salário, e dados preliminares indicam que esse porcentual pode ser maior em fevereiro. O quadro tem relação direta com o recuo da inflação nos últimos meses e contrasta com o observado no começo do ano passado, quando a maioria dos acordos resultou em reajuste igual ou inferior à inflação.
Segundo o boletim Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), 78% das negociações salariais de janeiro geraram ganhos reais aos trabalhadores, com reajuste superando o INPC acumulado em 12 meses. O aumento foi igual à inflação em 15% dos casos e menor, em 7%. Um ano antes, a proporção de reajustes superiores à inflação tinha sido de apenas 29%.
O reajuste nominal mediano em janeiro foi de 7%, 1,1 ponto porcentual acima do INPC acumulado em 12 meses até dezembro (5,9%). No último ano, o reajuste mediano só superou a inflação em duas ocasiões, em outubro e dezembro.
Ainda de acordo com o Salariômetro, houve ganho real em 86% dos acordos já finalizados de fevereiro, ante 23% no mesmo mês do ano passado. Os dados do relatório são coletados nos acordos e convenções coletivas depositados na página Mediador, do Ministério do Trabalho.
O avanço recente dos ganhos reais coincide com a queda da inflação. Em 2022, o INPC acumulado ficou próximo de 12% de março a junho, o que fez com que mais da metade das negociações terminassem com reajuste abaixo da inflação nos meses de abril e julho. Depois a inflação passou a cair, ficando abaixo de 6% de novembro em diante.
Segundo o boletim, "a projeção do INPC para o primeiro semestre indica ampliação do espaço para a manutenção de ganhos reais nos reajustes salariais". Projeções dos bancos Itaú e Santander indicam inflação mais próxima de 4% nas datas-base de abril a julho, com tendência de alta na sequência, chegando perto de 6% nos últimos meses do ano.