O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda (22) que as constantes críticas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem feito à autoridade monetária afetam diretamente as expectativas de inflação – e, consequentemente, a taxa de juros no Brasil. A declaração foi dada durante um evento promovido em São Paulo que discute os dois anos de autonomia da instituição.
“O ruído entre o governo e o Banco Central gerou uma incerteza em relação à capacidade do BC de atingir os objetivos”, disse ressaltando que “o presidente tem direito de entrar num debate sobre taxa de juros. Está acontecendo em vários outros países”.
No entanto, criticou a atitude do governo de personificar a ofensiva por conta da taxa de juros, e que isso “demonstra falta de conhecimento no processo que foi instalado e nesse amadurecimento institucional que o Banco Central vem passando”.
Além disso, segundo Campos Neto, há uma insegurança no mercado sobre a possibilidade de que seja alterada a meta de inflação. “O componente da incerteza da meta é predominante, a gente precisa ver como isso vai se desenvolver. Mas, eu acho que a gente tem elementos para começar a ver essa expectativa de inflação caindo”, acrescentou em registro da Agência Brasil.