Família ribeirinha pobre: sem Renda Brasil nem auxílio emergencial, Bolsa Família será o programa de transferência de renda do governo federal em 2021.| Foto: Sergio Amaral/MDS/Arquivo
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Com o fim do auxílio emergencial, estudo da Tendências Consultoria Integrada mostra que as classes D e E da população devem perder quase um quarto da renda disponível (23,8%) em termos reais em relação a 2020. Serão R$ 48 bilhões a menos circulando entre os mais pobres após a retirada do benefício. Será a maior queda na renda disponível para essas classes desde o começo da série iniciada em 2008, afirma a consultoria.

No ano passado, as classes D e E foram o estrato social que teve o maior ganho de renda, com avanço de 16,1% ante 2019. O avanço foi possível por causa do auxílio emergencial, que garantiu renda de R$ 600 a R$ 1.200 por pessoa por até cinco meses, e depois por até quatro meses de R$ 300 a R$ 600. Em todos os casos, o benefício ficou acima da média paga no Bolsa Família, que é de R$ 190 por família.

O estudo levou em conta expectativa de inflação ao consumidor (IPCA) para este ano de 3,4%, crescimento da economia (PIB) de 2,9% e taxa de desemprego atingindo 15,1%

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Segundo Lucas Assis, um dos economistas responsáveis pela projeção, a renda dos mais vulneráveis deve ser atingida por várias frentes, além do fim do auxílio emergencial. Uma delas é a possível persistente alta da inflação dos alimentos, itens que pesam mais no orçamento dessas famílias. Normalmente, 80% da renda das classes D e E são destinados à compra de itens básicos. O que sobra é gasto com outros produtos e serviços. Outro fator é o desemprego, que castiga mais os pobres, apesar de não existir dados de emprego por camada social.