A Federação Nacional de Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (Fenasps), que representa os servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), afirma que os trabalhadores querem retomar as atividades o "mais rápido possível". Eles estão em greve desde 23 de março. Segundo o sindicato, o retorno depende, apenas, da abertura do governo federal para uma negociação.
"Para agilizar isso, o governo precisa entrar em processo de negociação concreta, o que até agora não vimos. Há reuniões, eles sinalizam que estão construindo documentos, mas, concretamente, não foi colocada uma mesa de negociação", afirma Viviane Peres, diretora colegiada da Fenasps, em entrevista à Gazeta do Povo. "Os servidores querem voltar ao trabalho e precisam dessa negociação imediatamente".
A greve dos servidores do INSS tem afetado o atendimento em várias agências país afora. Sobre isso, Viviane afirma que o trabalho represado durante os dias paralisados serão compensados quando a greve acabar. Pelo menos 2 milhões de pessoas estão na fila para análise de benefício. "A situação caótica em que o INSS se encontra não é culpa dos trabalhadores", afirma a diretora, que atribui a responsabilidade à Reforma da Previdência e às medidas tomadas durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo ela, as reivindicações do funcionalismo também se dão por uma melhor qualidade de atendimento à população. "Quando não se investe na carreira, há uma precarização do trabalho, e isso reflete no atendimento ao público, como na morosidade do acesso, que se dá por falta de servidor", diz.
Questionada sobre críticos que consideram o movimento grevista como de "elite", Viviane diz que a Federação tem observado, "na verdade, um apoio da população com relação à greve". "A sociedade em geral tem entendido os motivos da greve, a importância dela, uma vez que ela envolve condições de trabalho dos servidores e a qualidade do atendimento", afirma ela.