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A XP Investimentos piorou suas projeções para dólar, inflação, juros e PIB após a mudança na regra do teto de gastos anunciada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. O objetivo do governo é abrir espaço fiscal para ampliar o Auxílio Brasil, que assim pagaria no mínimo R$ 400 por família. A alteração, incluída na PEC dos precatórios, foi aprovada por comissão especial da Câmara.
"Em nossa opinião, estamos observando uma mudança de regime na condução da política fiscal, e não 'apenas' uma piora na margem", escreveu o economista-chefe da XP, Caio Megale, em relatório. "Julgamos que esse cenário assume maior probabilidade de realização, levando a um pior equilíbrio macroeconômico", prosseguiu.
A projeção para o dólar no fim do ano, que era de US$ 5,20 em 2021 e US$ 5,10 em 2022, saltou para US$ 5,70 nos dois anos. Isso levou a um aumento na expectativa para a inflação medida pelo IPCA, que era de 9% neste ano e 3,9% no ano que vem, e passou a 9,1% e 5,2%, respectivamente.
A piora na inflação deve levar a um aumento mais forte na taxa básica de juros, a Selic, já na semana que vem. Em vez de uma alta de 1 ponto porcentual, agora a XP espera um reajuste de 1,5 ponto e outro de igual tamanho na última reunião do ano. Com isso, a Selic fecharia 2021 em 9,25% ao ano, em vez da expectativa anterior de 8,25%. E haveria novas altas no início de 2022, levando a taxa básica a 11% ao ano ao fim do ciclo de ajuste.
Toda essa piora no cenário levou a XP a piorar também as previsões para o PIB. "A deterioração das condições financeiras, com destaque ao aumento da percepção de risco e aperto mais intenso da política monetária e a alta adicional dos custos globais de produção, nos levou a revisar a projeção de crescimento do PIB em 2022, de 1,3% para 0,8%. Em média, esperamos variação praticamente nula do PIB ao longo dos trimestres do ano que vem", disse Megale.
De acordo com o economista, a piora das restrições de insumos e a inflação de custos no setor industrial provocaram uma piora na perspectiva para o PIB deste ano. Em vez de 5,3%, a XP agora espera alta de 5%.
Outras instituições – como Credit Suisse e ASA Investments – também revisaram suas projeções para a economia brasileira em função da mudança nas regras fiscais.