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BRF pode vender 1/3 de ativos para alcançar acordo

Na reta final para tentar fechar um acordo junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a Brasil Foods provavelmente será obrigada a aceitar uma solução mais restritiva que incluiria a venda de aproximadamente um terço de seus ativos, além da suspensão da marca Perdigão, por dois a três anos, disseram fontes ligadas ao Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência.

A empresa também não poderia criar uma marca para substituir a Perdigão, que junto com a Sadia resulta em grande concentração em vários mercados, segundo as fontes ligadas a órgãos antitruste.

Embora ainda não exista uma definição, as discussões caminham nesse sentido, disseram as fontes.

"Tudo caminha para uma restrição mais dura, mas dentro de um acordo (dentro do Cade)", afirmou à Reuters uma fonte.

A compra da Sadia pela Perdigão, que resultou na criação da Brasil Foods, uma das maiores empresas de alimentos do mundo, foi anunciada em 2009, após a Sadia ter registrado uma perda bilionária com derivativos cambiais.

No mês passado, o conselheiro relator do caso no Cade, Carlos Ragazzo, rejeitou a operação, criticando a forte concentração que o negócio geraria no mercado --em alguns casos, de até 80 por cento. Em seguida, o conselheiro Ricardo Ruiz pediu vista e, a partir daí, os executivos da empresa começaram a negociar alternativas para tentar assegurar o negócio.

Fontes próximas à negociação disseram que o diálogo entre a BRF e o Cade avançou na última semana, numa proposta que envolve a alienação de marcas e até de ativos, mas essas fontes não entraram em detalhes.

A expectativa é de que a sessão no Cade, na próxima quarta-feira, retome a votação sobre o caso.

Nesta segunda-feira, representantes da empresa têm reuniões com membros do conselho.

VENDA DE ATIVOS CONSOLIDADOS

A BRF já ofereceu vender ativos consolidados para terceiros, espalhados por todo o país. Segundo uma fonte, a venda incluiria cerca de metade do total adquirido, incluindo fábricas, unidades de compras de matérias-primas e centros de distribuição.

Ao todo, isso corresponderia a aproximadamente um terço do total da BRF.

A proposta inclui também a suspensão do uso da marca Perdigão por um tempo determinado e sem a possibilidade de criar uma marca substituta, para dar fôlego aos novos concorrentes se firmarem no mercado.

A ideia de vetar a entrada de uma nova marca é para evitar que a BRF, mesmo com outro nome, mantenha a mesma fatia de mercado.

Uma outra fonte lembrou o caso da compra da Kolynos pela Colgate em 1996 e que gerou uma forte concentração no mercado de creme dental. Com isso, a marca Kolynos foi suspensa temporariamente, mas em seu lugar foi criada a marca Sorisso.

A possível suspensão da marca Perdigão não seria universal, mas apenas naqueles segmentos em que, junto com a Sadia, há forte concentração de mercado. Isso corresponde, no entanto, entre 70 e 80 por cento dos mercados em que as marcas atuam.

A BRF também está disposta a vender outras marcas mais periféricas, como a Rezende.

A BRF informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que prefere não comentar questões relacionadas ao andamento das negociações com o Cade.

Por volta das 16h40 (horário de Brasília), as ações da BRF operavam em alta de 0,4 por cento, enquanto o Ibovespa caía 2,1 por cento.

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