O comércio de trigo entre produtores e moinhos segue travado há um mês, segundo representantes dos triticultores. Desde 12 de setembro os negócios têm sido escassos, apesar da grande oferta do produto, com a colheita da safra chegando perto dos 80% no Paraná, o principal produtor nacional. Com o mercado praticamente parado, os produtores decidiram recorrer ao empréstimo do governo federal (EGF) e negociar o produto pelo preço mínimo, R$ 400 por tonelada. No atacado, a tonelada do trigo nacional está cotada a R$ 650. O setor avalia ainda a possibilidade de exportar, mesmo com o câmbio desfavorável.
A produção brasileira de trigo deve bater a casa dos 3,5 milhões de toneladas. Para dar conta da demanda, até o final do ano o Brasil deve importar cerca de 5,5 milhões de toneladas. Apesar de ser tradicional importador de trigo, em outras ocasiões o país já vendeu o produto ao mercado externo, por dificuldades de negociação, como em 2004. "No momento em que o preço internacional chegar na paridade do mercado interno, o produtor vai exportar, até porque isso ajudará a puxar o preço para cima", avalia o gerente técnico-econômico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Flávio Turra.
Pelo menos por enquanto, as exportações de trigo não vão ocorrer. A primeira opção dos produtores é fazer contratos de EGF. "As cooperativas estão buscando recursos junto aos agentes financeiros. Os contratos pelo menos garantem um capital de giro para os produtores", diz Turra.
O trigo negociado nessa modalidade deve ser armazenado por agente credenciado e serve como garantia do pagamento, usualmente feito 180 dias após a contratação, com juros de 6,75% ao ano. A opção é interessante para o produtor porque, caso a cotação do trigo volte a subir e a demanda aumente, ele pode liquidar a dívida com o banco contratado e vender o produto a preços melhores do que os praticados atualmente. Hoje o vendedor está pedindo R$ 650 pela tonelada no interior do Paraná, enquanto os compradores querem negociar por R$ 620, ainda assim em volume pequeno, informa a Ocepar.
Em muitas ocasiões, os triticultores precisam recorrer ao EGF. Segundo Turra, é comum ocorrer problemas de liquidez durante a época de colheita. Neste ano, a queda-de-braço entre produtores e indústria se acentuou devido à valorização do produto no mercado internacional, decorrente de quebras de safras em algumas regiões produtoras, como o Canadá. Além disso, os produtores não estão dispostos a negociar o produto a preços inferiores. "O produtor não está com a corda no pescoço, ele renegociou dívidas e conseguiu bons preços com o milho safrinha. Como ele não precisa vender com urgência, e os moinhos não estão dispostos a pagar o preço, o mercado fica travado", avalia a engenheira agrônoma do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura Margorete Demarchi.
Os moinhos negam que os negócios estejam paralisados. De acordo com o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Samuel Hosken, a aquisição do produto ocorre ao longo do ano, e não está concentrada em um único período.
Para o diretor-presidente da Molino, Romeu Massignan, o cenário atual não é de confronto entre moinhos e produtores. "Estamos comprando trigo do Paraná, que é de qualidade, desde o início da safra", afirma.
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