A empresa paulista Sistema Educacional Brasileiro (SEB) anunciou ontem que está vendendo parte de suas companhias para a britânica Pearson Education. O SEB é controlador do grupo educacional Dom Bosco, de origem curitibana, adquirido em 2008, e das marcas COC e Pueri Domus, entre outras. A Pearson atua no Brasil na produção de material didático educacional e profissional. Com a aquisição, mais que dobra a sua atuação no mercado brasileiro.As empresas do SEB que produzem sistemas de ensino (material didático, elaboração de currículos e métodos de aula) serão repassadas para o controle da Pearson, que pagará aos ex-controladores o casal Chaim e Adriana Zaher um total de R$ 613,278 milhões. Somado ao valor destinado à compra dos papéis dos acionistas minoritários, a empresa britânica deverá desembolsar quase R$ 900 milhões pelas empresas. Estão no negócio anunciado ontem os sistemas de ensino de COC, Pueri Domus, Dom Bosco e Name, além de gráficas, operações logísticas e do portal educacional Klick Net.
O SEB, no entanto, permanece com o controle das instituições de ensino básico e superior, agora reunidas sob uma outra pessoa jurídica, chamada de Nova SEB.
Divisão
Com o Dom Bosco, divisão semelhante vai ocorrer. A editora do grupo, que produz o sistema de ensino utilizado nos escolas, passa a fazer parte da Pearson do Brasil. Já as instituições de ensino básico, superior e cursinhos pré-vestibular continuam a ser geridas pelo SEB, que segue mantendo o nome Dom Bosco e as características da rede.
Marco Rossi, diretor financeiro e de relações com os investidores do SEB, garante que não haverá mudanças significativas para pais e alunos do Dom Bosco. "As escolas pertencentes à rede continuam sob a mesma gestão e com os mesmos acionistas. Também a editora Dom Bosco, agora pertencente à Pearson, manterá a marca; porém agregando a tecnologia diferencial do grupo britânico, como aulas 3D e conteúdos digitais", afirma.
A negociação entre SEB e Pearson foi anunciada duas semanas após a divulgação da compra do Anglo, especializado em cursos pré-vestibulares, pela Abril Educação, formando a segunda maior rede de sistema de ensino do país, atrás apenas do Positivo. A incorporação ocorreu após uma tentativa frustrada da própria Pearson de comprar o grupo Anglo.
As recentes transações demonstram a aposta do mercado de educação em investir em qualificação de mão de obra, aumentando a oferta de cursos superiores tradicionais e a distância, além de programas de ensino técnico.
O presidente do SEB, Chaim Zaher, que controla mais de 70% das ações do grupo, citou ontem a incorporação do Anglo pela Abril como um dos fatores que motivaram a venda de parte de sua empresa. "Ficamos preocupados com a possível concorrência predatória, pois os sistemas de ensino passaram a interessar a todos os grandes grupos educacionais. Então também precisávamos de um parceiro para nos manter como referência", entende.
Ações
Além de adquirir as ações pertencentes a Zaher, a Pearson fez uma oferta pública de aquisição do restante das ações do SEB, pagando R$ 22 por ação. A Nova SEB vai tentar fechar seu capital, oferecendo aos investidores R$ 9 por ação. "Estava um pouco frustrado com o valor das ações desde o lançamento na bolsa", confessa Zaher. "Diziam para eu administrar a empresa e não me preocupar com o mercado, mas é impossível não checar o preço da ação todo dia".
Ontem, as ações do SEB fecharam o pregão da Bovespa cotadas a R$ 28,80 uma valorização de 46,19% em relação ao dia anterior.
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