Grevistas tomaram o centro de Londres ontem: segundo sindicatos, 2 milhões de funcionários públicos pararam no Reino Unido| Foto: Adrian Dennis/AFP

Aperto

Itália quer mais 25 bilhões de euros em impostos

Agência Estado

O primeiro-ministro da Itália, Mario Monti, apresentou uma proposta para criar novos impostos no valor de 25 bilhões de euros para os próximos dois anos em uma reunião dos ministros das Finanças da zona do euro, afirmou o jornal La Stampa ontem, sem citar fontes.

As medidas apresentadas por Monti incluíram 5 bilhões de euros em receita com um imposto imobiliário; um aumento no imposto de valor agregado e mudanças para o sistema previdenciário para fazer com que as pessoas trabalhem por mais tempo. As medidas serão aprovadas pelo Gabinete da Itália no dia 5 de dezembro. Monti rejeitou a pressão para que o Ministério das Finanças aprovasse novas regras que tornam mais fácil contratar e demitir trabalhadores, considerando que isso não era politicamente viável no momento.

Monti afirmou ontem, em Bruxelas, que seu país não está considerando pedir ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI) para combater a crise de dívida. O premiê acrescentou que a Itália vai elaborar rapidamente medidas econômicas e fiscais adicionais que terão como objetivo equilibrar o orçamento italiano até 2013.

Orçamento

A Câmara dos Deputados da Itália aprovou ontem, em primeiro turno, uma emenda à Constituição que proíbe o governo de usar dívidas para financiar o déficit, numa tentativa de controlar as finanças públicas do país. A lei, que só deverá ser submetida à aprovação final em 2012, faz parte de uma série de iniciativas destinadas a acalmar os investidores e os mercados em um momento no qual os custos de empréstimo para a Itália estão em níveis recordes. A dívida pública italiana corresponde a 120% do Produto Interno Bruto (PIB).

O ministro de Assuntos Parlamentares, Piero Giarda, qualificou a aprovação como "o primeiro passo concreto" do Parlamento desde a posse de Monti, em 16 de novembro. O projeto de emenda ainda precisa ser aprovado em segundo turno na Câmara dos Deputados e passar por duas votações no Senado antes de entrar em vigor.

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"Após o sexto desembolso, a Grécia está de novo nos trilhos. Eu estou muito otimista."

Evangelos Venizelos, ministro das Finanças da Grécia, após a liberação de 8 bilhões de euros referentes ao primeiro pacote de ajuda ao país

O Reino Unido (que não pertence à zona do euro) enfrentou ontem a maior greve em uma geração, com cerca de 2 milhões de professores, funcionários do controle da imigração e outros setores públicos cruzando os braços. Nos hospitais, foram canceladas ou adiadas 6 mil cirurgias e 62% das escolas públicas não abriram, segundo sindicatos ouvidos pelo jornal The Guardian. Os trabalhadores protestaram contra planos do governo para fazê-los se aposentarem mais tarde e pagarem mais por suas pensões.

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As medidas de austeridade do primeiro-ministro David Cameron, do Partido Conservador, têm como objetivo reduzir a dívida pública de 967 bilhões de libras (US$ 1,5 trilhão). O governo afirma que as reformas são necessárias para reduzir a conta anual de 32 bilhões de libras com pensões. Os sindicatos, porém, dizem que essas reformas são injustas e desnecessárias. Os dois lados não chegaram a um acordo, apesar de meses de conversas e de uma oferta melhor do governo feita este mês.

Adesão

Cerca de dois terços das 21,7 mil escolas públicas britânicas ficaram fechadas, com a adesão muito forte dos professores à greve, principalmente na Inglaterra e no País de Gales. Sindicatos dos trabalhadores disseram que 2 milhões de funcionários públicos aderiram à paralisação, a maior desde a infame disputa trabalhista de 1979, o "Inverno do Descontentamento", que precedeu na época a chegada da conservadora Margareth Thatcher ao poder como premiê.

Serviços de emergência, como ambulâncias e socorristas, só atenderam casos extremos, quando os pacientes corriam risco iminente de morrer. Embora o temor fosse de caos nos aeroportos, isso em grande parte foi evitado ou amenizado com medidas de contingência. No Aeroporto de Heathrow, as empresas aéreas alertaram os passageiros de que poderiam ocorrer atrasos de até 12 horas na passagem pela imigração por causa da greve, mas os voos que chegaram ontem dos Estados Unidos, dos países europeus e da Ásia não foram muito afetados.

A greve ocorreu um dia após o governo anunciar que os salários para o funcionalismo público subirão apenas 1% por ano até 2014, mesmo que a inflação na Grã-Bretanha esteja numa média anual de 5%. Maria Haverton, enfermeira de 36 anos, disse que aderir à greve foi sua última alternativa. "Nós percebemos que o governo está com problemas no orçamento, mas por que eles não lidaram com isso antes? Estou preocupada com minha aposentadoria. Estou preocupada com o futuro do meu filho", ela disse perto da estação ferroviária King’s Cross.

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Reação

"Eu não quero ver greves, eu não quero ver escolas fechadas e eu não quero ver problemas nas nossas fronteiras, mas esse governo precisa tomar decisões responsáveis", disse Cameron, justificando as medidas. O ministro das Finanças, George Osborne, disse que o governo precisava levar o setor de pensões públicas para um patamar mais sustentável e reiterou a posição do governo de que a grande ação de protesto dos trabalhadores apenas enfraquecerá a economia e cortará empregos.

"Portanto, vamos voltar à mesa de negociações. Vamos chegar a um acordo sobre pensões que seja justo para o setor público, dê pensões decentes por muitas, muitas décadas, mas que esse país também possa bancar e que nossos contribuintes possam pagar", disse Osborne, em entrevista televisionada. O Tesouro britânico estimou que a greve possa custar 500 milhões de libras à economia.