Dois escritórios de advocacia nos Estados Unidos entraram com ações coletivas de investidores contra a Vale por prejuízos sofridos pelos papéis da companhia negociados nas Bolsas americanas por causa do rompimento da barragem de Brumadinho, na última sexta-feira (25).
Desde que o acidente ocorreu, as ADRs (recibos de ações negociados nas Bolsas dos EUA) da Vale perderam 27,5% do valor e fecharam cotadas a US$ 11,2 na terça (28).
O processo foi impetrado pelos escritórios Bernstein Liebhard LLP e Rosen Law Firm em favor de todos os investidores que compraram ações da Vale entre 13 de abril de 2018 e 28 de janeiro deste ano.
O objetivo é reaver perdas que os acionistas tiveram por causa do que identificaram como comunicações falsas da companhia sobre o risco e dano potencial do rompimento de uma barragem na mina de Córrego do Feijão.
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Os escritórios também argumentam que os programas de segurança contra incidentes e de saúde desenvolvidos pela mineradora eram inadequados e, por isso, várias pessoas morreram e centenas estão desaparecidas após o rompimento da barragem.
Segundo o Bernstein Liebhard, os réus ignoraram múltiplos relatos de problemas sérios sobre a integridade da barragem e não implementaram o plano de ação recomendado. Na ação coletiva do escritório, aparecem como partes fundos de pensão de funcionários dos condados de Alameda e de Orange County, ambos na Califórnia.
Entre os réus apontados nessa ação estão Murilo Ferreira, ex-presidente da Vale, Luciano Pires, diretor financeiro da companhia, e Peter Poppinga, diretor da companhia. Em comunicado, o Rosen Law afirma que as informações da mineradora sobre seus negócios, operações e perspectivas "foram materialmente falsos e enganosos" e/ou sem base razoável.
Phillip Kim, sócio do Rosen Law, diz que o escritório deu entrada na ação coletiva na terça-feira, em um tribunal do Brooklyn, "em apoio a investidores que compraram papéis da Vale."
A data de início da ação, 13 de abril, foi escolhida porque foi quando o escritório identificou a primeira informação incorreta da mineradora envolvendo o problema. "As pessoas estão preocupadas. As ADRs estão caindo por causa das notícias ruins, então fomos contatados por investidores para dar entrada na ação."
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Agora, haverá um período de 60 dias, que expira em 29 de março, para que outros interessados se juntem à ação coletiva. O investidor identificado como o que tem a maior perda vai ser considerado o líder na ação coletiva. Brasileiros que tenham comprado ADRs da Vale podem se unir ao processo, explicam Kim.
"Acho que os investidores, as pessoas que perderam dinheiro, deveriam considerar as opções. Não custa nada entrar na ação coletiva, eles não têm nada a perder", afirma.
Já o escritório ganha um percentual sobre um eventual acordo alcançado entre as partes. "Temos o mesmo incentivo que os investidores para entrar com a ação."
Após o acidente envolvendo a Samarco, em 2015, o escritório também entrou com uma ação coletiva em favor dos investidores, mas sem resultado ainda.
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