Os bancos querem atuar mais fortemente no financiamento de vendas de material de construção, mas a expansão desse mercado ainda esbarra na burocracia para obtenção de crédito e nos juros altos, que chegam a 27% ao ano. Muitas vezes as instituições exigem avalistas ou garantias, como o próprio bem que será reformado ou ampliado. Hoje a maior parte dos negócios é realizada com o cartão da própria loja de material de construção. Segundo a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), a participação dos bancos nesse mercado não chega a 6,5%. "Em geral a mesma burocracia que há para comprar uma casa de R$ 200 mil há para o cidadão que quer usar R$ 20 mil para adquirir material de construção", diz Claudio Conz, presidente da entidade. Na rede de lojas Balaroti, por exemplo, apenas 5% das vendas são feitas por intermédio de linhas de financiamento dos bancos, que oferecem prazos mais longos.
Ainda assim, é um mercado que está crescendo. A Caixa Econômica, que lidera hoje o mercado com o Construcard, afirma que registrou um aumento de 30% na quantidade de contratações no primeiro quadrimestre na comparação com o mesmo período do ano passado. O banco não revelou dados sobre o montante financiado. "Contabilizando o crédito imobiliário e o Construcard, temos um avanço de 80% na comparação com o ano passado", afirma Maria Celia Rossato Ferreira, gerente regional da Caixa.
De acordo com ela, os negócios de material de construção estão sendo puxados também pelas pessoas que compraram imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida. "A primeira iniciativa da família depois de comprar uma casa pelo programa é fazer o puxadinho, é cobrir a garagem", diz ela, que acredita que o aquecimento do mercado "veio para ficar".
Na opinião do presidente da Associação Brasileira de Materiais de Construção (Abramat), Melvyn Fox, o financiamento de material de construção está avançando, mas ainda é incipiente no Brasil e precisa se adaptar às necessidades do mercado. Os problemas são a burocracia, as exigências para a liberação do crédito e a demora no processo de aprovação. "Por isso, na maioria das vezes o cliente prefere financiar com a própria loja ou no cartão de crédito, mesmo que os prazos sejam menores", acrescenta. As empresas do setor querem mudanças no Construcard. Uma das propostas é que as próprias lojas de materiais de construção passem a fazer pelo menos uma parte da análise de crédito do cliente no lugar da Caixa Econômica.