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Burocracia e mão de obra freiam setor

Obra do Pátio Batel, cuja entrega atrasou em função da falta de mão de obra na construção civil | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Obra do Pátio Batel, cuja entrega atrasou em função da falta de mão de obra na construção civil (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

O setor de shopping centers continuará crescendo no país, beneficiado pelas condições favoráveis de crédito e consumo. Por outro lado, deverá enfrentar cada vez mais dificuldades, como na aprovação de projetos, falta de mão de obra qualificada e avanço das compras pela internet. A avaliação foi feita por Carlos Medeiros, presidente da BrMalls, durante palestra no congresso realizado pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).

Dentre os fatores que sustentarão o crescimento do setor de shoppings, está o cenário de redução das taxas de juros, que torna os recursos mais baratos para as empresas. "Vamos continuar vivendo um clima econômico favorável, principalmente com redução das taxas de juros, o que é extremamente relevante para uma indústria de capital intensivo como a nossa", disse, referindo-se aos investimentos necessários para desenvolver novos projetos, que variam de R$ 100 milhões a R$ 300 milhões, em média.

O presidente da BrMalls, líder do setor com participação em 47 empreendimentos, afirmou que o Brasil também continua se beneficiando do aumento da renda e da redução do nível de desemprego da população, que ajudam a sustentar o avanço do consumo. Ele também lembrou que, desde 1995, as vendas nos shopping centers têm crescido todos os anos, o que serve de incentivo para que novos empreendimentos sejam lançados. "Na média, o setor cresceu três vezes mais que o PIB nesse período", ressaltou.

Medeiros também avaliou que os varejistas têm se fortalecido pela maior facilidade de acesso ao capital – tanto de private equity quanto de oferta de ações em bolsa. "Antes, as redes não tinham acesso a crédito e cresciam muito devagar, movidas a fluxo de caixa. Nos últimos anos, temos visto uma mudança, com mais acesso a capital por parte dos varejistas."

Preocupações

Um dos principais fatores apontados como preocupação para a indústria de shoppings, na avaliação de Medeiros, é a dificuldade crescente para aprovação de novos projetos. "O setor de imobiliário tem crescido muito rápido, e a burocracia não tem acompanhado", observou. Uma das consequências é a migração de muitos empreendimentos para cidades do interior, onde os entraves para se lançar um shopping são menores, disse.

Outra preocupação é a falta de mão de obra qualificada. "A indústria de shoppings não cresceu por muitos anos, e os investidores eram famílias. Não se criou mão de obra qualificada", observou, temendo uma disputa mais intensa por bons profissionais nos próximos anos.

Em relação ao comércio online, Medeiros lembrou que este segmento tem avançado numa velocidade três vezes superior ao do varejo nos shoppings. "Isso representa um desafio muito grande", frisou. Na sua avaliação, uma das alternativas para os shoppings é se transformarem, cada vez mais, em centros de vivência, com maior oferta de serviços e lazer, não sendo apenas centros de compra.

Megainvestidor prevê cenário "desafiador"

Um dos maiores investidores mundiais do setor imobiliário, o norte-americano Sam Zell afirmou hoje em São Paulo que os próximos dois anos serão "desafiadores" para a economia dos países emergentes, incluindo o Brasil. Na avaliação do megainvestidor, o país será impactado pela crise europeia nos próximos 12 a 24 meses, e poderá enfrentar um período de crescimento modesto. "Haverá uma redução significativa do capital disponível no Brasil. O mundo vai entrar em recessão, vagarosamente, e isso obviamente terá impactos em outros lugares", disse ele, em evento da associação brasileira dos shopping centers (Abrasce).

Os negócios de Zell no Brasil incluem a construtora paranaense Thá. Por meio do fundo de investimentos Equity International, ele já investiu várias empresas no país, como a incorporadora Gafisa, a Bracor, de galpões industriais. Há três meses, ele vendeu sua participação na BrMalls. Na Gafisa, da qual chegou a ter quase um quarto das ações, zerou suas posições em 2010.

De acordo com Zell, o crédito disponibilizado por bancos europeus irá encolher em países como o Brasil. "O fornecimento de crédito e capital vai ser menor nos próximos 12 a 24 meses do que foi há dois ou três anos", afirmou.

No evento de hoje, no entanto, Zell disse que continua otimista no Brasil no longo prazo, apesar do cenário desafiador para a economia global. Para ele, o país se tornará uma potência econômica mundial nos próximos dez anos, graças a fatores como abundância de água e recursos naturais, população crescente e o nível de educação de seus profissionais e líderes de negócios. Por isso, continuará investindo em empresas brasileiras. "Sou um grande fã do Brasil", afirmou. Atualmente, Zell diz que busca negócios fora das grandes cidades do Rio de Janeiro e São Paulo. "As melhores oportunidades hoje estão fora dos grandes centros. São regiões que foram historicamente menos atendidas e receberam menos recursos."

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