Sob impacto da menor procura por trabalho, a taxa de desemprego das seis maiores regiões metropolitanas do país caiu de 7,5% em maio para 7% em junho. É a menor marca para esse mês desde 2002, quando teve início a série histórica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na média do primeiro semestre, a taxa ficou em 7,3%, também a mais baixa para o período. Ao contrário do esperado para junho quando sazonalmente a economia começa a se acelerar , o mercado não gerou novas vagas. Mas, mesmo assim, o desemprego caiu graças à redução da busca por colocação. O número de ocupados ficou estável de maio para junho. Segundo Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, esse cenário é um reflexo do período de férias, quando menos pessoas procuram trabalho. Reflete ainda o aumento do rendimento familiar que desestimula membros secundários da família a se empregarem.
Pelos dados do IBGE, o rendimento médio voltou a crescer em junho e subiu 0,5% na comparação com maio. Em relação a junho de 2009, a alta foi de 3,4%. Para Fábio Romão, economista da consultoria LCA, a freada da ocupação já sinaliza a desaceleração do ritmo de atividade da economia como um todo, após um primeiro semestre muito forte. "A economia cresce num ritmo mais brando, e isso já se refletiu no mercado de trabalho no que diz respeito à ocupação", afirmou.
O economista se disse "surpreso" com a saída de pessoas do mercado de trabalho em junho o que provocou a queda da taxa de desemprego em razão da queda de 0,5% da População Economicamente Ativa (PEA) de maio para junho. Diz, porém, que a economia ainda está aquecida e que é cedo para falar em "desalento". Romão ressalta, porém, que o número de contratações perdeu força na comparação com 2009, quando o país sofria os efeitos da crise. Ante junho do ano passado, a ocupação cresceu 3,5%, ritmo menos intenso do que em meses anteriores.
Já Azeredo Pereira, do IBGE, destaca como ponto positivo o crescimento expressivo do contingente de trabalhadores com carteira assinada alta de 7,1% ante junho de 2009. Para Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco, "o mercado de trabalho continua forte, apesar da estabilidade nas contratações". Graças à expansão da renda, a massa de rendimentos se manteve em alta 0,3% em relação a maio, com ajuste sazonal, e 6,9% ante junho de 2009 e seguirá a estimular o consumo, segundo ele.