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Financiamentos

Busca por capital de giro dispara

Veja o volume de financiamentos no Paraná em julho |
Veja o volume de financiamentos no Paraná em julho (Foto: )

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A crise econômica fez disparar a procura por linhas de capital de giro no Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE) no Paraná. A maior busca por fontes de recursos para tocar o dia a dia do negócio por parte das empresas fez com que o volume contratado para esse tipo de linha crescesse 290,79% de janeiro a julho na comparação com o mesmo perío­­do do ano passado, para R$ 119,25 milhões.

O movimento ajudou o banco a bater recorde de contratações. Entre investimentos e capital de giro, o volume bateu a marca de R$ 683,4 milhões, alta de 56,81% na mesma base de comparação. O volume já supera o resultado de todo o ano passado, quando foram contratados R$ 635 milhões. A previsão é fechar o ano com R$ 900 milhões em contratações.

Os bancos públicos e de fomento ganharam a participação no financiamento do setor produtivo principalmente no auge dos problemas de crédito, entre o fim do ano passado e o início de 2009, quando as instituições privadas praticamente deixaram de ofertar dinheiro no mercado. No fim do ano passado, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – cujos recursos são repassados também pelo BRDE – criou uma linha emergencial de capital de giro de R$ 10 bilhões para a demanda que deixou de ser atendida pelos bancos privados. No início deste mês, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, chegou a afirmar que esses recursos estão se esgotando, mas que acredita que será desnecessário ampliar o programa com mais recursos porque ele passará naturalmente a ser substituído por oferta de crédito dos bancos comerciais.

Segundo Carlos Olson, superintendente da agência do BRDE em Curitiba, o movimento no Paraná está sendo puxado pelo agronegócio, que lidera tanto o volume de investimentos quanto o de capital de giro. "O Paraná tem boa parte da sua economia vinculada à atividade, que, ao contrário de outros setores, não foi tão afetada pela crise e não teve uma frustração importante de safra", afirma.

De acordo com ele, apesar da crise, as cooperativas paranaenses continuam investindo na industrialização da produção e no aumento da capacidade de armazenagem. Um levantamento da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) mostra que as cooperativas do Paraná planejam investir R$ 1 bilhão no ano safra 2009/10, que começou no mês passado, principalmente em projetos na área de avicultura, suinocultura, lácteos e rações. A meta é no mínimo repetir o faturamento conjunto de R$ 25 bilhões de 2008, que foi 28% maior que o registrado em 2007.

Os números do BRDE de janeiro a julho refletem os efeitos dos investimentos do ano safra de 2008/2009, que, segundo a Ocepar, totalizaram R$ 1,27 bilhão. "Sazonalmente o primeiro semestre concentra o volume de contratações do setor", afirma Olson.

Mas se o agronegócio mantém o vigor mesmo com a crise, o mesmo não se pode dizer dos projetos na área metal-mecânica, de máquinas e de madeira, que foram parar na gaveta. O caso da indústria madeireira é o mais grave, porque as empresas do setor já estavam em situação financeira complicada mesmo antes de setembro do ano passado, quando a crise norte-americana ganhou dimensão global. Olson diz que a inadimplência nesse segmento chega a 50% da carteira e o BRDE estuda a possibilidade de elaborar um programa de recuperação de ativos. A iniciativa, no entanto, esbarra na falta de um horizonte econômico que preveja uma recuperação para o setor. "Conhecemos o caso de uma empresa que produzia 120 mil metros cúbicos por mês de madeira processada e tinha projetos de elevar esse nível para 200 mil metros cúbicos por mês. Mas em março deste ano não vendeu um metro cúbico sequer", lembra Olson.

Dos recursos contratados pelo BRDE de janeiro a julho, as grandes empresas representam 70% do total, com crescimento de 64,25% sobre o ano passado. As médias e microempresas também tiveram resultado positivo, com alta de 115,43% e 54,44% respectivamente. No caso das micro, o avanço foi provocado pelo fato de o BRDE ter criado uma unidade de atendimento específica para companhias desse porte. Em compensação, as pequenas empresas sentiram o freio da economia, com queda de 39,88% nas contratações.

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