A falta de notícias mais dramáticas sobre a crise europeia animou os investidores a retomarem as compras na jornada de ontem. Analistas ressalvaram que a valorização das bolsas, no entanto, foi apenas pontual. "Hoje (ontem) foi um dia apenas de trégua na crise, devido a ausência de fatores novos, positivos ou negativos. O investidor viu algumas ações a preços muito baixos e saiu à caça de oportunidades, de pechinchas. Só que os problemas [na zona do euro] continuam. Esse investidor até compra, mas vende logo depois", comentou Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
Analistas também comentavam ontem o relatório Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) que divulgou projeções mais otimistas sobre o crescimento das principais economias mundiais.
A caça de ações baratas ajudou a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a fechar em alta de 1,70%, o segundo dia de ganhos nos últimos dez pregões. Na Europa, a Bolsa de Londres subiu 1,97%, enquanto as ações valorizaram em 1,55% em Frankfurt, e em 2,32% em Paris.
As bolsas americanas foram na contramão dos demais mercados, principalmente por conta de vendas no encerramento do expediente. O índice Dow Jones, o mais importante da Bolsa de Nova Iorque, caiu 0,69%, enquanto o Nasdaq, focado em ações de alta tecnologia, perdeu 0,68%.
Newton Rosa, da Sul América, ressalva que a volatilidade dos negócios continua alta e que os investidores ainda precisam conferir os desdobramentos da crise do euro antes das bolsas consolidarem uma tendência. "O mercado ainda não sabe se as medidas tomadas até agora serão suficientes para resolver os problemas fiscais. Não é uma questão que se resolva do dia para a noite. A segunda grande questão é se que os países europeus vão conseguir evitar uma reestruturação de suas dívidas, algo que todos temem neste momento", acrescenta.
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Comércio dos EUA revelou que as encomendas de bens duráveis aumentaram 2,9% em abril, o que representa o melhor desempenho desse indicador em três meses, bem acima das expectativas do setor financeiro (estimativa de 1,3%).
Câmbio
A taxa de câmbio brasileira quase teve sua primeira queda em dez dias úteis ontem, mas acabou mantendo o patamar de R$ 1,86. Os preços da moeda americana oscilaram entre a cotação máxima de R$ 1,858 e a mínima de R$ 1,831, encerrando o expediente a R$ 1,869 em leve alta de 0,05% sobre o fechamento de ontem.