Com a renda em queda e sem a segurança do emprego com carteira assinada, um número cada vez maior de brasileiros tem saído em busca de trabalho. Só que a quantidade de vagas criadas está longe de acomodar todas essas pessoas. O resultado é o aumento da taxa de desemprego, que atingiu 8,3% no segundo trimestre de 2015. Trata-se do maior resultado na série da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, iniciada em 2012.
INFOGRÁFICO: confira o desempenho do mercado de trabalho nos últimos anos
Em todo o país, 8,354 milhões de pessoas procuraram emprego sem encontrar entre abril e junho deste ano. O contingente é o maior já observado na pesquisa e 23,5% superior a igual período de 2014. “O aumento da desocupação vem da maior procura por trabalho. A geração de vagas é bem inferior ao que seria necessário para manter a taxa estável”, afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
2,1 mil desocupados
Com uma taxa de 9%, São Paulo responde por três de cada dez novas pessoas desempregadas no país, segundo os dados da Pnad Contínua. Houve um incremento de 489 mil desempregados no estado no segundo trimestre deste ano, frente ao mesmo período de 2014, que levou a um total de 2,113 milhões de pessoas sem trabalho.
O avanço do número de desempregados pode estar apenas no começo. Hoje, muitas pessoas que tinham carteira assinada e foram dispensadas ainda contam com o seguro-desemprego e os recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e podem não estar atrás de trabalho. “Mas não sabemos quanto tempo essa rede de proteção vai durar. Se o cenário não se modificar, ou seja, desemprego continuar aumentando e carteira continuar caindo, pode ter pressão maior”, reconheceu o coordenador do IBGE.
Mesmo antes de isso se concretizar, a velocidade da deterioração do mercado de trabalho já tem chamado a atenção. No segundo trimestre deste ano, a taxa de desemprego subiu 1,5 ponto porcentual em relação a igual período de 2014 (6,8%), algo inédito na pesquisa. Esse ritmo deve continuar até o fim do ano, prevê o economista-chefe da Icatu Vanguarda, Rodrigo Alves de Melo. “Havia muita gente que não estava trabalhando e que não estava buscando emprego. Hoje, com um aumento dos gastos, as pessoas estão voltando ao mercado de trabalho à procura de um emprego”, explicou Melo.
Paraná tem maior desemprego da Região Sul
Estado foi o que teve maior elevação na taxa nos últimos 12 meses
Leia a matéria completaPara o economista Marcel Caparoz, da RC Consultores, os brasileiros estão tentando recompor a renda familiar para enfrentar a inflação crescente. “Os indicadores falam de uma inflação média, mas no dia a dia as pessoas sabem que a inflação é maior, já que, com o mesmo valor que compravam uma quantidade de mercadorias antes, compram agora a metade”, explicou. “Nesse cenário de crise muito forte, as pessoas que antes podiam se dedicar ao estudo ou mesmo procurar mais tarde o mercado de trabalho estão saindo para buscar uma vaga. E isso pressiona a taxa de desemprego”, acrescentou o economista da RC Consultores.
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