Tem vírus?
A culpa é de Skrenta
Da Redação
No site pessoal do chefão do Blekko, Rich Skrenta, está uma declaração curta: "Eu escrevi o vírus Elk Cloner para Apple II, em 1982, quando estava na 9ª série. Elk Cloner foi, aparentemente, o primeiro vírus para microcomputadores". Trata-se de um pioneirismo de que gostarísmos de nos ver livres.
Na verdade, havia programas que poderiam causar estragos em computadores muito antes de o jovem Skrenta sentar-se em frente de sua máquina. A diferença é que, como não havia redes, eles ficavam confinados a uma única máquina, analisados, como num laboratório. A novidade que ele introduziu foi a possibilidade de se disseminar sozinho a capacidade de contaminação, que transformou um software qualquer num vírus.
O que Skrenta inventou foi uma forma de o programa esconder-se do usuário e copiar-se para a memória do computador até que o usuário colocasse um disco flexível. Foi assim, de disquete em disquete, que o primeiro vírus ganhou o mundo.
Google vai à Justiça contra governo dos EUA
Folhapress
O Google entrou com uma ação judicial contra o governo americano, sob a alegação de favorecimento à Microsoft em uma concorrência por serviços de mensagem. O gigante de buscas chegou a receber um pedido de orçamento por parte do Departamento do Interior, o DOI, mas o texto da licitação dizia especificamente que apenas o software Business Productivity Online Suite-Federal, da Microsoft, poderia ser usado.
A disputa entre o Google e a Microsoft envolve um contrato de cinco anos, no valor de US$ 59 milhões. A licitação foi aberta formalmente no dia 30 de agosto, mas o Google vinha tentando convencer o governo a abrir a licitação para outros concorrentes desde junho de 2009.
O DOI opera com 13 diferentes plataformas de mensagem e está em busca de unificar o serviço, usado por 88 mil funcionários.
Na ação, protocolada no dia 29 de outubro, o Google argumenta que a licitação "é arbitrária e capciosa, contra a lei e um abuso de poder. O Google diz ainda que o DOI não analisou direito a solução proposta pela companhia, o Google Apps.
A proposta do Google foi considerada insuficientemente segura por estar baseada no sistema de "computação em nuvem [em que o armazenamento de dados é feito na internet]. O departamento busca uma "nuvem privada e uma infraestrutura exclusiva para o governo americano.
A empresa diz na ação que tentou argumentar que sua solução atendia aos requisitos de segurança. No texto da licitação, o DOI justifica a preferência pela solução da Microsoft: "Apesar de muitas empresas serem capazes de prover sistemas de mensagem, elas não têm condições de fornecer serviços que atendam a todas as necessidades e demandas de segurança do DOI.
Um estudo da IDC (International Data Corporation), realizado no ano passado, mostra que o Google ainda engatinha no mercado de soluções corporativas. Só 4% das empresas usam o Google Apps como plataforma primária de produtividade e e-mail, sendo que a grande maioria é de pequeno e médio porte. Em contrapartida, 77% usam o Microsoft Office. A OpenOffice, que usa código aberto, tem 19% do mercado. No último ano, o Google foi alvo de várias ações antitruste. A empresa gastou, só neste ano, US$ 3,9 milhões com lobby em Washington.
Tanto empresas iniciantes como grandes conglomerados já tentaram apresentar um serviço de busca que fosse capaz de rivalizar com o Google. O fato de todos terem fracassado não impede que novos e corajosos competidores continuem a surgir. O mais recente deles é o Blekko, lançado na semana passada.Para o diretor-executivo da companhia, Rich Skrenta, desde o aparecimento do Google a internet sofreu uma invasão de sites inúteis ou de conteúdo irrelevante. Essas páginas são carregadas de links e palavras-chave que as colocam no topo dos resultados das buscas do rival gigante. O Blekko, por sua vez, pretende oferecer aos usuários uma lista de resultados que contenha apenas os sites mais confiáveis e precisos. "Nosso objetivo é limpar a pesquisa na web e excluir os spams", diz Skrenta.
A ferramenta de procura do Blekko vasculha 3 bilhões de páginas que considera importantes, mas, depois disso, mostra somente os principais resultados. Essas buscas previamente editadas foram batizadas pela empresa de slashtags. O serviço também tenta ignorar páginas criadas por content farms ("fazendas de conteúdo", na tradução literal), como a Demand Media, que contratam profissionais sem qualificação para escrever artigos sobre assuntos da moda.
Além disso, o Blekko tem como inspiração uma categoria promissora no ramo de pesquisas on-line: as ferramentas de busca vertical, que só oferecem resultados sobre tópicos previamente escolhidos. Várias empresas admitem que o Google é imbatível na tarefa de esquadrinhar todos os cantos da internet. Por isso, concentram seus esforços em serviços mais específicos. O Bing, da Microsoft, oferece buscas voltadas para turismo e entretenimento e o Yelp é bem-sucedido na procura por empresas de uma determinada região.
No Blekko, as buscas que se encaixam numa das sete categorias que o site considera infestadas de spam saúde, culinária, automóveis, hotéis, letras de música, finanças pessoais e faculdades geram automaticamente resultados editados. Os usuários também podem realizar pesquisas dentro de um único site ("iPad/Amazon", por exemplo, significa que o internauta quer procurar iPads apenas no endereço da Amazon.com), restringir a busca a um determinado padrão ("June/people" mostra só pessoas com o nome June) ou estabelecer tópicos mais precisos. "Mudanças climáticas/conservadores" oferece resultados com ênfase em sites direitistas, enquanto "Obama/humor" mostra páginas humorísticas que mencionam o presidente norte-americano. O Blekko elaborou centenas de slashtags desse tipo, mas os internautas podem criar suas próprias buscas direcionadas, além de revisar as já existentes.
Perfil
Skrenta começou a desenvolver o Blekko discretamente em 2007. Há anos o executivo tenta melhorar as buscas na web por meio de ferramentas que levem em conta as contribuições dos usuários. Ele foi o responsável pelo Open Directory Project, um diretório da web totalmente editado por seres humanos e que, antes de ser adquirido pelo Netscape em 1998, competia diretamente com o Yahoo. Além disso, Skrenta comandou três divisões de buscas na AOL e ajudou a lançar o Topix, o site de notícias (também editado por pessoas de verdade) que foi vendido em 2005 para três grandes editoras de jornais dos Estados Unidos Gannett, Tribune Company e Knight-Ridder.
Diferenciais do site funcionam, mas desafio é grandeEm alguns casos, o resultado de uma busca feita no Blekko é de fato mais relevante e diferente daquele oferecido pelo Google. A pesquisa por "pregnancy" ("gravidez", em inglês), por exemplo, só gera um link em comum na primeira página de resultados dos dois serviços: o cdc.gov, do Centro de Controle de Doenças dos EUA. Nessa procura, o Blekko incluiu endereços governamentais, o portal de uma ONG e sites bem conceituados que tratam do tema maternidade. O Google, por sua vez, ofereceu o OfficialDatingResource.com, uma página de dicas de namoro.
"Para o sistema do Google, é difícil dizer qual artigo foi escrito por um cientista e qual texto foi feito por um sujeito que recebeu 50 centavos da DemandMedia. Os humanos sabem fazer isso melhor", diz Tim Connors, fundador da PivotNorth Capital, que investe no Blekko.
Ainda assim, os resultados oferecidos pelos dois serviços são bastante parecidos em muitas pesquisas. Outro desafio do Blekko reside na satisfação que a grande maioria dos internautas demostra em relação às ferramentas do Google de acordo com a empresa de pesquisas comScore, dois terços das buscas feitas a partir dos EUA usam os serviços do gigante da web. "A maior parte das pessoas não está nem aí para o problema das content farms [empresas que produzem um grande volume de conteúdo sem qualidade]", diz o editor-chefe da Search Engine Land, Danny Sullivan, um especialista no ramo de pesquisas on-line. Por fim, o Google também permite que os internautas procurem conteúdo de um único site ou que eles estabeleçam uma busca mais personalizada embora o processo seja um pouco mais complicado.
Na mira do Blekko, está a falta de transparência do Google sobre o algoritmo que gera seus resultados. Por isso, o novo serviço oferece dados que justificam a importância de seu ranking, como o número de links que levam a um determinado site, onde eles estão localizados e quando foi a última vez que o conteúdo daquela página foi buscado.
Suporte
O Blekko já atraiu US$ 24 milhões de investidores famosos, como Marc Andreessen (um dos fundadores da Netscape, heroi dos primeiros tempos da internet) e Ron Conway (investidor conhecido por apostar em start-ups bem sucedidas, inclusive o Google), e do fundo de capital de risco US Venture Partners. A companhia também planeja vender anúncios associados a palavras-chave, nos moldes do Google.
Boa parte das empresas que começaram seus negócios na área de buscas foi adquirida por grandes corporações como a Powerset, comprada pela Microsoft há dois anos. Outras, como a Cuil (uma ferramenta de busca lançada em 2008 por ex-funcionários do Google), simplesmente fracassaram.
As slashtags do Blekko são sujeitas a spam, uma vez que todos podem alterá-las, mas a empresa diz que tanto os editores como os usuários evitarão que isso ocorra por meio de uma supervisão constante, similar à da Wikipedia. "O Blekko tem alguns diferenciais interessantes, com potencial para conquistar um público reduzido, mas fiel. Mas ele não será o exterminador do Google", conclui Sullivan.
Tradução: João Paulo Pimentel
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