Decepcionado com o fracasso das negociações de Potsdam (Alemanha) sobre a liberalização do comércio mundial, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, definiu o Brasil e Índia como culpados, mas prometeu trabalhar pelo sucesso da rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio (OMC), afirmou nesta quinta-feira (21) a Casa Branca.
Brasil e Índia decidiram se retirar das negociações com os Estados Unidos e a União Européia, na Alemanha, por considerar "inútil" prosseguir com o diálogo sobre um novo acordo na OMC, declarou nesta quinta-feira (21) o chanceler Celso Amorim. Mais uma vez, a falta de acordo na questão agrícola travou as negociações.
"O presidente Bush está decepcionado de ver que alguns bloqueiam uma oportunidade de ampliar a liberalização", declarou Tony Fratto, porta-voz da Casa Branca. "Grandes economias como o Brasil e a Índia não deveriam se opor aos progressos de países menores, mais pobres e em desenvolvimento. No entanto, parece que foi exatamente isso que aconteceu na Alemanha", afirmou.
Entenda a rodada de DohaA Rodada de Doha, da OMC, foi iniciada em 2001 e tinha o objetivo de concretizar a liberalização do comércio mundial em diversos setores - agricultura, indústria e serviços, por exemplo. Entretanto, desde 2003 criou-se um impasse entre os diferentes grupos de países - os desenvolvidos e os em desenvolvimento.
Depois do fracasso da rodada de negociações em Cancún, em 2003, o Brasil passou a ser visto como uma espécie de líder das nações em desenvolvimento no comércio mundial. O país vem, desde então, cobrando a redução dos subsídios agrícolas na União Européia e nos Estados Unidos. As nações desenvolvidas, porém, cobravam do Brasil mais abertura na área industrial.
A Rodada de Doha deveria ter sido encerrada no fim de 2004, mas foi sendo adiada por conta da falta de acordo. Em julho de 2006, foi abandonada. Nos últimos meses, diferentes países mostraram interesse em retomá-la, mas a reunião desta quinta-feira voltou a mostrar que as diferenças ainda não foram superadas.