O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) acatou recurso encaminhado pela TIM em outubro no qual a companhia questiona a compra da Nextel pela Claro e pede a aplicação de "remédios" para neutralizar uma possível concentração excessiva de mercado. A fusão foi aprovada pelo órgão em setembro.
Na visão da TIM, a junção das empresas vai criar desequilíbrio no mercado brasileiro de telecomunicações, pois tem potencial para permitir que o grupo Claro acumule uma quantidade muito grande de espectros - que funcionam como uma "rodovia" por onde trafegam os sinais de internet móvel, sendo, portanto, um ativo essencial para as operadoras, atrelado à capacidade de abrangência e qualidade de sinal. No caso da Nextel, o espectro era o ativo mais valioso da empresa, uma vez que ela só detinha 1,5% dos clientes de rede móvel no país.
Como remédio, a TIM pediu ao Cade que obrigue a Claro a compartilhar parte do espectro entre as concorrentes, a preço de custo. Ao acatar o recurso, nesta quinta-feira (31), o conselheiro Sérgio Costa Ravagnani não definiu ela aplicação imediata dos "remédios" pleiteados, mas considerou que alguns efeitos sobre o mercado decorrentes da transação entre Nextel e Claro "merecem aprofundamento".
Entre os pontos que serão aprofundados nessa nova análise estão: o quadro atual de distribuição de espectros entre as operadoras; alternativas técnicas para otimização do uso de espectros e previsões sobre de leilão de frequências de 4G e 5G que serão realizado no ano que vem, com potencial de haver ainda mais concentração. O despacho do conselheiro Sérgio Costa Ravagnani deu prazo de cinco dias úteis para Claro e Nextel se manifestem sobre o tema.
A Gazeta do Povo entrou em contato com todas as empresas citadas. Até a publicação houve resposta apenas da Nextel, que "não se posicionará a respeito".
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