Unidade da Perdigão no Rio Grande do Sul: operações seguem separadas da Sadia| Foto: Divulgação

A BRF Brasil Foods pretende apresentar na próxima semana ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) proposta final para manter a fusão entre a Sadia e Perdigão. Em reunião de cerca de uma hora realizada ontem, após o julgamento ter sido suspenso, a empresa teria questionado quais deveriam ser os próximos passos no processo. A resposta foi no sentido de que sejam lidas com atenção as considerações feitas pelo relator Carlos Ragazzo, como lição de casa. Na semana passada, Ragazzo votou pela reprovação da fusão.

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Em seu voto, o conselheiro mencionou que a empresa teria apresentado uma proposta de acordo muito aquém do desejado, pois não minimizaria a concentração de mercado gerada pelo negócio. A avaliação do conselheiro foi a de que a proposta ficou "mais leve" do que a sugestão apresentada pela Secretaria de Acompanhamento Econô­mico (Seae) do Ministério da Fazenda. Há um ano, a Seae divulgou parecer recomendando ao Cade que aprovasse a fusão, desde que uma das marcas (Sadia ou Perdigão) fosse licenciada por cinco anos a uma terceira companhia, sendo essa a "alternativa A". O "plano B" seria a venda de "marcas de combate", como Batavo, Doriana, Claybom, Delicata, Rezende, Confiança, Wilson e Escolha Saudável, e de ativos relacionados à produção de laticínios e congelados, entre outros.

Neste primeiro momento, segundo a apuração da reportagem, a BRF não avalia a sugestão hipotética apresentada por Ragazzo – criar uma joint venture específica para atuar no mercado externo. Neste caso, Sadia e Perdigão continuariam separadas no Brasil. A avaliação é de que esta possibilidade não traria os ganhos de eficiência gerados a partir da fusão completa das companhias. Essa vantagem da sinergia tem sido um dos argumentos da empresa de que terá condições de manter os preços baixos no país e competitivos no mercado internacional.

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Cronograma

Uma nova reunião entre as partes já foi pré-agendada para a próxima semana, embora a data exata ainda não tenha sido definida. Seguindo o regimento do Cade, o caso voltará para a pauta no dia 29 de junho. Até lá, a BRF tem condições de apresentar uma proposta que atenda à expectativa do órgão antitruste. Mas a reunião do dia 29 não terá quórum, pois um conselheiro estará na Europa e outros dois se declararam impedidos, incluindo o presidente do Cade, Fer­nando Furlan, que é primo do presidente da Sadia. O novo julgamento, assim, deverá ocorrer só no início de julho.