Com impulso do programa "Minha Casa, Minha Vida", a carteira de financiamento imobiliário da Caixa Econômica Federal disparou 102 por cento em 2009, para o recorde de 47,05 bilhões de reais.
Do montante total, 14,1 bilhões de reais referem-se a recursos liberados no âmbito do programa imobiliário criado pelo governo federal no começo do ano passado. Um pouco mais de metade das 514.771 unidades financiadas pela Caixa no ano passado foram dentro do "Minha Casa, Minha Vida".
Mesmo admitindo que o banco não atingiu sua meta de financiar 400 mil imóveis dentro do programa até dezembro, o vice-presidente de governo da Caixa, Jorge Hereda, considerou o resultado bastante positivo.
"Tivemos um crescimento forte num período de contração econômica por causa dos efeitos da crise mundial", disse Hereda a jornalistas nesta quarta-feira, ao apresentar os números.
Segundo ele, o ritmo de simulações de novas contratações segue elevado em janeiro, indicando que 2010 será outro ano de recordes no setor.
Só dentro do "Minha Casa, Minha Vida", o banco diz já ter cerca de 400 mil pedidos de financiamento em análise, número que deve chegar a 1 milhão até maio.
"A meta traçada pelo presidente Lula, de financiar 1 milhão de imóveis até o final deste ano, está mantida", disse.
De acordo com Hereda, além dos subsídios governamentais do "Minha Casa, Minha Vida" --voltado para famílias com renda de até 10 salários mínimos--, outros fatores que ajudam a explicar o avanço no setor são as baixas taxas de juros, a manutenção de índices pequenos de inadimplência e a alienação fiduciária, sistema que facilita a retomada dos imóveis pelos bancos.
"A gente não corre o risco de passar por crise semelhantes às do passado, por causa da qualidade da carteira", disse.
Segundo os dados divulgados, o saldo de operações vencidas com prazo superior a 90 dias estava em 1,4 por cento da carteira em dezembro de 2009. Para Hereda, até 2 por cento de inadimplência é considerado um número administrável.
Otimismo com seguro
Apesar do otimismo, Hereda admitiu que o "Minha Casa, Minha Vida" está encontrando dificuldades para deslanchar em algumas regiões. Em 15 Estados e no Distrito Federal, os volumes contratados até agora não chegam a 30 por cento da meta fixada para o final deste ano. No Amazonas, Ceará e Pernambuco, não chegaram a 10 por cento.
"Em alguns Estados, especialmente em regiões metropolitanas, estão sendo encontradas dificuldades para achar terrenos."
Por isso, o governo federal já estaria considerando a possibilidade de remanejar recursos de regiões em que o programa não tem decolado para as que vêm crescido de forma mais ágil. A tática poderia ser utilizada para ajudar o governo a atingir a meta de 1 milhão de residências.
"Vamos manter o projeto inicial até abril. Depois, vamos ver o que fazer", disse Hereda.