"Tivemos de revisar várias vezes nossas projeções porque a demanda está surpreendendo. Novembro e dezembro devem ser muito fortes. Não imaginávamos uma procura como essa, já que o ano passado já havia sido recorde." Maria Fernanda Ramos Coelho, presidente da Caixa Econômica Federal| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Curitiba

Pelo menos R$ 3 bilhões em 2011

Os recursos da Caixa Econômica para a compra da casa própria em Curitiba devem chegar a cifras entre R$ 2 bilhões e R$ 2,3 bilhões em 2010, contra o R$ 1,4 bilhão contratado no ano passado. Para 2011, em função do forte aquecimento do setor na capital, o banco já trabalha com valores superiores. Construtoras e incorporadoras devem aprovar junto à prefeitura de Curitiba, em 2010, a construção de 30 mil unidades residenciais, cujo valor de venda deve somar R$ 8,3 bilhões. São imóveis que devem ser lançados no mercado em até dois anos.

Segundo o superintendente da Caixa em Curitiba, Hermínio Basso, embora o orçamento para o próximo ano ainda não tenha sido feito, é possível estimar que esse número de lançamentos exigirá pelo menos R$ 3 bilhões em recursos do banco para 2011. Para a presidente da Caixa Econômica, Maria Fernanda Ramos Coelho, o mercado vai continuar extremamente aquecido. "O crédito habitacional no Brasil representa 4,5% do PIB, contra 13% no Chile e 20% no México. Ainda temos muito que avançar."

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Veja infográfico com a projeção da compra de imoveis em 2010
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A Caixa Econômica Federal prevê um boom de financiamentos na reta final de 2010. Segundo a presidente do banco, Maria Fernanda Ramos Coelho, é possível até mesmo superar a projeção de encerrar o ano com R$ 70 bilhões em empréstimos para a compra da casa própria. Estimativas da própria Caixa, em função da forte procura, já apontam para um volume entre R$ 72 bilhões e R$ 75 bilhões, até 60% mais do que no ano passado. No Paraná, os recursos devem ficar entre R$ 4,5 bilhões e R$ 5 bilhões, crescimento de até 61% em relação ao registrado no ano passado (R$ 3,1 bilhões).

A última previsão, divulgada no início de setembro, estimava R$ 4,2 bilhões em empréstimos para o Paraná. O novo recorde é fruto da combinação de aumento da renda, do emprego e da oferta de crédito. No acumulado do ano até 18 de outubro, a Caixa, que detém 75% do mercado, emprestou R$ 3,7 bilhões no estado – contra R$ 2,1 bilhões na mesma base de comparação. "O mercado surpreendeu muito ao longo deste ano e tivemos de revisar várias vezes nossas projeções porque a demanda está surpreendendo. Novembro e dezembro devem ser muito fortes. Não imaginávamos uma procura como essa, já que o ano passado já havia sido recorde", afirmou Maria Fernanda ontem, pouco antes de assinar um contrato para construção de um empreendimento pelo Minha Casa, Minha Vida, em parceria com a Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab).

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Metas

Do total de recursos previstos para financiamento pela Caixa em 2010, R$ 23,5 bilhões referem-se ao programa de habitação popular. De acordo com ela, o Paraná é um dos cinco estados – os outros são Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Alagoas e Goiás – que já bateram a meta de contratação do Minha Casa, Minha Vida. Lançado em abril do ano passado com o objetivo de construir 1 milhão de moradias para famílias com renda de zero a dez salários mínimos, o programa atingiu 690 mil unidades contratadas até agora (R$ 39,6 bilhões). Os estados mais atrasados são Amapá e Roraima. No Paraná, foram contratadas 45.149 unidades, diante de uma meta inicial de 44.172 unidades. Em Curitiba foram 11,4 mil contratos até agora, do objetivo de 12 mil.

O contrato assinado ontem com a Cohab prevê a construção de 224 apartamentos, no bairro Ganchinho, no valor de R$ 13,4 milhões. Segundo o presidente da Cohab em Curitiba, João Elias de Oliveira, desde o início do programa, em abril do ano passado, foram contratadas 2.764 unidades para a faixa de até três salários mínimos e 1.944 unidades para a faixa de três a seis salários mínimos, por meio de parcerias entre a Cohab Curitiba e o banco.

Segunda etapa

A presidente da Caixa vem percorrendo várias cidades para a assinatura de contratos do Minha Casa, Minha Vida, que é uma das principais bandeiras políticas do governo Lula. Segundo ela, até o fim do ano o governo deve acertar os parâmetros para a segunda etapa do programa, que prevê a construção de 2 milhões de moradias, com recursos estimados em R$ 121 bilhões. O projeto deve contemplar alguns ajustes, como um eventual reajuste no preço dos imóveis em função do aumento dos custos da construção civil, no padrão construtivo das habitações e nos serviços agregados aos empreendimentos.

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Já está certo, porém, que a segunda etapa terá maior participação de imóveis voltados para famílias com renda de até três salários mínimos – de 40%, na primeira fase, para 60%. A ideia é começar a fazer as contratações a partir de janeiro de 2011.

Apesar do foco na baixa renda, o banco vem, segundo a presidente da Caixa, avançando nos financiamentos para a classe média, cujos recursos vêm da poupança. "Pela primeira vez, por conta da demanda das famílias com renda acima de dez salários mínimos, teremos um equilíbrio entre os recursos do FGTS e da poupança. O FGTS tradicionalmente respondia por 70%."