Em uma operação pouco usual no mercado brasileiro, a Caixa Econômica Federal financiou em dezembro do ano passado 100% da compra das ações da Alpargatas que estavam nas mãos da Camargo Corrêa e passaram para a J&F Investimentos. Fundada em 1907, a Alpargatas detém marcas como a Havaianas, Osklen, Mizuno e Timberland.
O banco liberou R$ 2,7 bilhões em um empréstimo com prazo de pagamento de 7 anos, sendo 2 de carência, para o grupo da família Batista. O financiamento gerou polêmica. Isso porque alguns interessados no ativo questionaram: “Se soubéssemos que a Caixa estava financiando, também poderíamos pagar à vista”.
O anúncio de que era a J&F, dona do frigorífico Friboi, que estava comprando a Alpargatas surpreendeu boa parte do mercado, que não sabia que a empresa também estava participando do negócio. Para alguns executivos que auxiliaram na transação, não foi surpresa alguma. Eles contam que a J&F já estava no páreo e era forte concorrente porque podia pagar à vista, sem fazer o que se chama de due dilligence, uma apuração mais detalhada da situação da empresa que está sendo comprada e que toma alguns meses. Mas segundo esses executivos, boa parte da diligência já podia ser feita com as informações prestadas na abertura do processo.
Para a Caixa, foi um negócio vultoso. Para se ter ideia, o maior cliente do banco, que é a Petrobras, possui créditos no valor total de R$ 11,5 bilhões que vêm sendo concedidos ao longo dos anos. Em uma tacada, o banco emprestou 23% desse valor para a J&F.
O banco estatal não comenta o negócio e por nota informou apenas que o dinheiro usado para financiar a operação foi da parte de “recursos livres” da instituição, ou seja, não usou nenhum orçamento de fundos estatais ou de dinheiro carimbado para financiamentos imobiliários. Já a J&F diz que não comenta sua estratégia de financiamento.
Mas, segundo documento registrado pela empresa, os juros cobrados pela Caixa foram de CDI mais 3% ao ano (17,25%), e a garantia dada foram as ações da Vigor, empresa que pertence ao grupo J&F.
Financiamento público
Outra polêmica levantada pelos concorrentes da J&F foi o fato de um banco estatal ter estado à frente do financiamento. Isso porque tem sido recorrente o questionamento de financiamentos públicos, principalmente do BNDES, à principal companhia da J&F, a JBS.
A empresa tem constantemente informado que não tem financiamentos do banco, que é dona na verdade de parte do JBS. Essas participações, no entanto, surgiram em parte por causa da emissão de debêntures da JBS compradas pelo BNDES e que por fim viraram ações.
O BNDES também é o grande financiador da Eldorado. Da dívida total da empresa, 44% é de recursos provenientes do banco de desenvolvimento. As concorrentes da Eldorado também são financiadas pelo BNDES, mas o financiamento gira em torno de 15% do total da dívida. Segundo especialistas no setor, no entanto, a Eldorado é uma empresa nova e é natural que tenha maior volume proporcional de financiamento do BNDES.
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