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Os postos de combustíveis de Curitiba deram uma trégua na guerra de preços. Desde o final de julho, os valores da gasolina e do álcool na bomba têm permanecido estáveis, com poucas alterações. Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do álcool na capital variou entre R$ 1,37 e R$ 1,38 em setembro. O preço mínimo variou de R$ 1,21 a R$ 1,25. A gasolina também se comportou de forma semelhante: o preço médio ficou entre R$ 2,46 e R$ 2,48 nas últimas quatro semanas, com preço mínimo entre R$ 2,29 a R$ 2,36.

"Sempre abasteço em algum lugar do meu trajeto diário, e é bom esse momento em que não ocorrem variações bruscas de preços", comemora o aposentado Helio Gonçalves. Mas a "lua-de-mel" dos postos com o consumidor deve terminar em breve.

O principal motivo da "calmaria" é a estabilidade do preço do álcool. De acordo com o presidente da Associação de Produtores de Álcool e de Açúcar do Paraná (Alcopar), Anísio Tormena, as usinas estão vendendo o litro do produto a R$ 0,60 há algumas semanas. Nos primeiros meses do ano, durante a entressafra, esse valor era de R$ 1,00. "A oferta de álcool está muito maior do que a demanda", explica. Em agosto de 2006, o litro do álcool em Curitiba custava R$ 1,50, de acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). "Os preços estão estáveis, mas estão em um patamar alto. As margens de lucro praticadas estão acima da média", afirma o economista do Dieese Sandro Silva.

"Quando não há alteração no preço do álcool, a tendência é de estabilidade", diz o presidente do Sindicombustíveis-PR, Roberto Fregonese. Atualmente, a gasolina comum contém 25% de álcool anidro, e por isso ela sofre os reflexos da flutuação dos preços deste último. Fregonese diz ainda que o combate à sonegação fiscal contribuiu para o fim da guerra de preços. Desde maio, a Receita Estadual e a Polícia Civil fecharam vários postos e distribuidoras em todo o estado, acusados de negociar álcool sem nota fiscal. "Quando o produto ilegal está no mercado, ele é vendido por um preço menor, e isso provoca um sobe-e-desce de preços e a guerra entre os postos", avalia.

Apesar da cotação recorde do petróleo – US$ 80 o barril –, o preço da gasolina se mantém estável no Brasil. A Petrobrás não reajusta o produto desde outubro de 2005, quando o barril de petróleo custava US$ 60, mas o dólar era cotado a R$ 2,30. Com a taxa atual de câmbio (R$ 1,83), a valorização do petróleo não causa grande impacto no Brasil.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avalia que o preço da gasolina deve se manter estável até o final do ano. Mas, no caso do álcool, a situação deve se modificar já nas próximas semanas. "A tendência é que essa lua-de-mel acabe antes do final do mês, com a proximidade do perído de entressafra", diz Fregonese, do Sindicombustíveis.

Enquanto isso não ocorre, o consumidor curitibano vê preços bastante uniformes pela cidade. "Há pelo menos dois meses não mexemos no preço. A concorrência é que cria muitos altos e baixos. Se um posto perto do meu faz promoção, eu sou obrigada a fazer", conta a empresária Claudia Tetü Abrão, do posto Seminário. Segundo ela, a margem de lucro atual permite "trabalhar sem ter prejuízo". De acordo com o Dieese, a margem atual da gasolina está em R$ 0,36, contra R$ 0,18 no mesmo período do ano passado.

Fregonese explica que é preciso descontar R$ 0,08 da margem, que é o gasto do posto com a taxa do cartão de crédito. Segundo ele, o valor atual cobre os gastos e permite ao empresário um lucro razoável.

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