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temperatura elevada

Calor ameaça crescimento do PIB

O reservatório de Furnas está 8,5 metros abaixo do nível máximo, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico: usina de Furnas está operando com apenas 39,11% da sua capacidade | Ferdinando Ramos/Agência O Globo
O reservatório de Furnas está 8,5 metros abaixo do nível máximo, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico: usina de Furnas está operando com apenas 39,11% da sua capacidade (Foto: Ferdinando Ramos/Agência O Globo)

O forte calor que atinge o país já afeta a economia em 2014 e pode fazer com que o Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) termine o ano perto de 1%, mesma taxa registrada em 2012, segundo analistas. A estimativa representa pouco mais da metade da taxa projetada pelos economistas ouvidos na pesquisa Focus, realizada pelo Banco Central, de 1,79%.

As altas temperaturas e a escassez de chuva pegaram o governo e o setor produtivo de surpresa e aumentaram o risco de racionamentos de água e de energia, o que pode pressionar ainda mais a inflação e trazer prejuízos à atividade econômica.

Levantamento da consultoria especializada em negócios sustentáveis Key Associados revela alguns dos principais impactos dessa onda de calor na economia. A agropecuária, por exemplo, que tem 5% de participação no PIB e é um motor das exportações brasileiras, sofre as principais ameaças com possibilidade de quebras de safra pela falta de chuvas, segundo a consultoria. "As culturas mais afetadas são soja e milho, que sofrem com o calor, além da falta de água. A redução da produção de milho afeta ainda a pecuária, visto que o alimento é usado na ração na indústria de aves e suínos", diz o estudo.

A falta de água para consumo está abalando a produtividade de petroquímicas do Sudeste, e indústrias intensivas em energia têm sofrido com o maior custo da energia no curto prazo. Essas variações afetam não só o crescimento do país, como podem debilitar a balança comercial, reduzindo o volume de exportações, e pressionar a inflação por elevar os custos de produção e aumentar a demanda em certos setores.

"A pressão de custo está aí, você já via na balança comercial de 2013, quando importamos mais produtos industriais do que exportamos. Toda a prosperidade industrial do país nos últimos anos foi atendida por importações e o clima está agravando isso", afirmou Paulo Pedrosa, presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres. "Nas atuais condições, o PIB pode terminar o ano com uma taxa à la 2012, de 1%", opina o ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Júlio Sérgio Gomes de Almeida.

Inflação

A economista da consultoria Tendências Alessandra Ribeiro estima que o IPCA fechará o ano em 6%, com um aumento de 5,5% nas tarifas de energia, considerando apenas os reajustes regulares das concessionárias. Mas como essas tarifas têm peso de 3% no IPCA, caso a alta nas contas de luz seja maior, o IPCA ficará ainda mais perto do teto da meta de inflação.

Para os alimentos, ela estima alta de 6,8%, abaixo dos 8,5% registrados no ano passado. Mas como esse grupo pesa quase 25% no IPCA (que mede a inflação oficial), qualquer variação por falhas no abastecimento afeta o índice.

Leia mais sobre a quebra na safra de soja no caderno Agronegócio.

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