O bom desempenho do comércio varejista do Paraná em janeiro e fevereiro, período tradicionalmente mais fraco para as vendas, dá sinais de que 2006 poderá ser muito melhor para o setor do que o ano que passou – em 2005, as receitas caíram durante todo o segundo semestre e encerraram o ano 1% abaixo das de 2004. Ainda não há dados oficiais, mas os resultados exibidos neste início de ano por segmentos como confecções, bens duráveis e artigos para construção são bastante animadores, segundo analistas de varejo. A avaliação é que, ajudados pelo calor do verão e pela antecipação das liquidações, esses segmentos já começam a reagir à melhora da economia brasileira – e tendem a se manter aquecidos nos próximos meses.

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O PolloShop é um dos estabelecimentos que se surpreendeu com o movimento do mês passado. As vendas foram 15% superiores às de janeiro de 2005. "Normalmente nas férias o movimento nos shoppings não é grande, mas neste ano o consumidor surpreendeu o mercado e aproveitou os momentos de lazer para fazer compras", diz Anísio Romanini, presidente do grupo, que controla duas unidades em Curitiba.

Entre os motivos apontados para o aumento das vendas, está a antecipação das liquidações da coleção de verão. Em vez de esperar o fim da estação, como em anos anteriores, os lojistas começaram a fazer promoções em pleno janeiro. O resultado foi que algumas lojas do shopping conseguiram elevar suas vendas em até 60%. No shopping Mueller, a loja de moda feminina Canal Concept também derrubou os preços mais cedo. Fabiana Barbosa, a gerente, comemora: "Janeiro normalmente é ruim, mas para nós foi muito bom. Vendemos toda a linha verão com 50% de desconto e a loja estava sempre cheia."

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Wamberto Santana, economista da Federação do Comércio do Paraná (Fecomércio-PR) confirma que as liquidações podem ser as responsáveis por resultados acima da média. "Exceto para livrarias e papelarias, que lucram com a volta às aulas, janeiro e fevereiro costumam ser os meses mais fracos do ano. O consumidor já gastou seu 13.º salário, e no início do ano passa a se preocupar com o pagamento de impostos como o IPTU e o IPVA, com a compra de material escolar e com as prestações das compras de Natal."

Dennis Seixas, superintendente do ParkShopping Barigüi, conta que o faturamento cresceu 23% em janeiro e outros 13% em fevereiro na comparação com a mesma época de 2005. Segundo ele, os dias de forte calor deste "verão de verdade" experimentado por Curitiba estão fazendo a diferença. "No varejo, o fator climático é fundamental, principalmente se levarmos em conta que o vestuário corresponde a 60% do faturamento do shopping."

Até mesmo os comerciantes de produtos mais caros, como os veículos, estão satisfeitos. De acordo com a divisão paranaense da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave-PR), as vendas em janeiro foram 24% superiores às do mesmo período do ano passado. Foram 19.972 veículos vendidos no estado, contra 16.117 em janeiro de 2005.

Para o consultor de varejo Moacir Moura, a melhora nas vendas de bens duráveis – como eletrodomésticos, eletroeletrônicos, móveis e automóveis – indica que ganhou força um comportamento "mais racional" observado nos últimos anos: o consumidor está reduzindo os gastos no Natal e guardando parte do 13.º salário para as tradicionais liquidações de ano-novo. "Claro que as pessoas não estão livres da compra por impulso. Mas muitas já estão pensando um pouco mais. Se o sofá está meio rasgado, não custa nada esperar um ou dois meses e comprá-lo na promoção, por um preço muito menor."