As medidas anunciadas na quinta-feira pelo Banco Central para conter a alta do dólar não devem surtir efeito, disse ontem o vice-presidente da construtora Camargo Corrêa, André Clark Juliano.
Segundo o executivo, o patamar entre R$ 2,30 e R$ 2,40 "veio para ficar". Ele argumenta que a alta se deve a fatores externos, não internos, e por esse motivo as medidas anunciadas não vão influenciar a cotação de maneira expressiva.
"A gente não acha que abaixa, a alta do dólar é quase sistêmica, depende mais de fora do Brasil do que dentro do Brasil, não vai fazer diferença relevante", disse. "Esse dólar nos permite exportar um pouco mais, mas tem efeitos inflacionários nos insumos, como combustíveis, tem efeito dos dois lados". Ele informou que alguns projetos da empresa talvez tenham que ser reprecificados diante da alta do dólar, devido o impacto nos preços no mercado interno.
"Alguns dos nossos projetos tem compra de equipamentos internacionais, isso corre o risco de reprecificar", avaliou.
Responsável pela área internacional da companhia, Juliano afirmou que como exportadora de serviços a alta da moeda americana beneficia por exemplo os salários pagos fora do país, mas em contrapartida a empresa tem dívidas e dólar e custos mais altos pelo aumento da inflação. "O efeito acaba sendo neutro".
A expectativa é de que o peso da área internacional no faturamento do grupo na área de construção suba dos atuais 20% para 30% nos próximos quatro anos.
"Mas não é o dólar que ai fazer a diferença, mas tendo o dólar a nosso favor nos dá maior competitividade, nos anima a procurar mais negócios fora do país", avaliou.
A Camargo Corrêa tem projetos e países como Angola, Moçambique, Venezuela, Colômbia, Peru e Argentina são os principais, segundo Juliano.
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