A forte desvalorização do dólar e a influência de diferentes fatores sobre a indústria e a agricultura paranaense modificaram pelo terceiro ano consecutivo o topo do ranking das empresas exportadoras do estado. Se em 2004 a liderança ficou nas mãos de uma exportadora de cereais (a Bunge) e no ano seguinte o título foi para uma montadora de automóveis (a Volkswagen), em 2006 a tendência é de que o posto se mantenha nas mãos de uma agroindústria – no caso, a Sadia.

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Mesmo atrapalhada pelo avanço da gripe aviária na Europa, a indústria de alimentos registrou crescimento de 13,3% nas vendas externas no primeiro trimestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2005. Com faturamento de US$ 128,6 milhões no comércio exterior, a empresa passou do segundo para o primeiro lugar no ranking das exportadoras paranaenses, desbancando a Volkswagen.

Domingos Martins, presidente do Sindicato da Indústria Avícola do Paraná (Sindiavipar), avalia que o grande número de clientes ajudou a Sadia a contornar os efeitos negativos da gripe aviária. "Houve queda no consumo da carne de frango na Europa, principalmente na França e na Itália. Mas a Sadia vende para mais de uma centena de países, e em mercados como o do Japão e da China, que convivem há mais tempo com a doença, o consumo não caiu."

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Outra indústria de alimentos instalada no estado, a Perdigão, não teve a mesma sorte da concorrente: cresceu somente 0,94% entre janeiro e março e perdeu duas posições no ranking das exportadoras, caindo para o 14.º lugar. A expectativa do setor avícola é de expansão entre 5% e 6% nas exportações em 2006.

Veículos

As dificuldades com o câmbio foram determinantes para a queda no ranking da fábrica paranaense da Volkswagen, que agora ocupa o 2.º lugar. A montadora vendeu US$ 126,9 milhões nos primeiros três meses do ano – quase 7% a menos que no primeiro trimestre de 2005. Em 2005, a empresa havia vendido US$ 136,4 milhões, mais que o dobro do valor exportado em 2004. A assessoria de imprensa afirmou que a redução reflete o que ocorre em toda a indústria automobilística nacional – e a tendência é de que a retração persista nos próximos meses. "Para não perder rentabilidade, as grandes montadoras não estão querendo exportar pelos preços atuais. Algumas já falam em queda de 30% nas vendas externas neste ano", diz Richard Dubois, diretor da consultoria econômica Trevisan.

Curiosamente, outra montadora instalada na região metropolitana de Curitiba, a Renault, registrou crescimento de quase 10% nas exportações do primeiro trimestre. Mas esse desempenho provavelmente se deve à venda de motores, uma vez que, segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o número de veículos exportados pela Renault caiu 13% no período. A empresa não comentou os resultados. "Acredito que eles tenham aumentado a exportação de motores para a Argentina, onde também possuem uma fábrica de automóveis. O câmbio lá está muito mais favorável", comenta Dubois.

Embora tenha perdido uma posição no ranking, a Volvo, fábrica de ônibus e caminhões instalada na capital, registrou forte crescimento (35%) nas exportações no primeiro trimestre. "A empresa recebeu grandes encomendas de ônibus em 2005, principalmente do Chile e de outros países da América Latina", comentou o presidente do Centro de Comércio Exterior do Paraná (Cexpar), Zulfiro Bósio.

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