Ao longo de 15 anos de existência, o real foi uma moeda de extremos. Mais forte do que o próprio dólar nos meses seguintes ao lançamento do Plano Real, a cotação da moeda brasileira chegou a ultrapassar R$ 4 s vésperas das eleições presidenciais de 2002.

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Atualmente em R$ 1,96, segundo a cotação de desta terça-feira (30) o real atravessa mais um período de volatilidade. Desde o início da crise econômica, em meados do ano passado, a moeda brasileira chegou a se desvalorizar 35%, saindo de cerca de R$ 1,60 em agosto para R$ 2,42 em 3 de março, a maior oscilação entre todas as moedas da América Latina, segundo levantamento da consultoria Economatica.

Nos dois últimos meses, no entanto, o real ganhou força e o dólar voltou a ficar abaixo de R$ 2. No ano, a moeda brasileira acumula valorização de 15,9%. Foi o segundo melhor desempenho em todo o mundo, só perdendo para o rand sul-africano, que se valorizou 17%.

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Tamanha variação não é novidade para a moeda brasileira. Lançado em paridade com o dólar, com a cotação de um para um, o real enfrentou altos e baixos desde sua criação. Sobreviveu a ataques especulativos e a mudanças no regime cambial.

O ponto mais alto da moeda brasileira ocorreu em 14 de outubro de 1994, quando o dólar valia R$ 0,82. Na época, o governo permitiu que o real ficasse mais forte do que a moeda norte-americana para estimular as importações e impedir o reaparecimento da inflação.

Os primeiros anos do real foram marcados pela âncora cambial, em que a cotação do dólar era controlada para conter a inflação. Para manter o câmbio próximode R$ 1, o Banco Central aumentava as reservas internacionais em caso de entrada maciça de divisas e queimava esses recursos em momentos de crise e fuga de capital.

A estratégia deu certo até janeiro de 1999, quando o governo liberou o câmbio em meio a uma onda de ataque especulativo que atingiu o país, depois de afetar a Rússia e o Leste Asiático. De R$ 1,20, o dólar subiu até ultrapassar a barreira de R$ 2 pela primeira vez em 23 de fevereiro daquele ano. No final de 2001, durante o racionamento de energia e o início da crise na Argentina, a cotação beirou R$ 2,80.

O real chegou ao fundo do poço no final de 2002. Em 22 de outubro daquele ano, a cotação do dólar fechou em R$ 3,95, depois de ultrapassar R$ 4 durante o dia. O temor dos investidores internacionais com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez a moeda nacional atingir o menor valor da história.

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Em 2003, o real iniciou uma trajetória de recuperação, com o dólar encerrando o ano a R$ 2,88. Com eventuais oscilações, a valorização continuou. Em 15 de maio de 2007, a cotação ficou abaixo de R$ 2 pela primeira vez desde 2001.De 2003 a 2008, o real valorizou-se 126%. Esse desempenho fez o investidor internacional Warren Buffett, segundo homem mais rico do mundo, admitir que aplicava no real desde 2002. Somente em 2007, quando o dólar recuou 17,3% em relação moeda brasileira, Buffett lucrou US$ 2,3 bilhões.

A queda da moeda norte-americana perdurou até que, em 1º de agosto do ano passado, o dólar atingiu R$ 1,55, o menor valor em nove anos, antes de subir novamente com a crise atual.