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Brasília (AE) – Contrariando as queixas de setores exportadores, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) sustentou ontem que a atual relação entre o real e o dólar ainda favorece as vendas de produtos brasileiros para o exterior. Segundo o economista Renato Baumann, diretor do escritório da Cepal no Brasil, a taxa de câmbio mostrou-se capaz de preservar as condições de competitividade mais elevadas para os produtos nacionais, entre meados dos anos 90 e 2004, em comparação com as de concorrentes de fora da América Latina. Ele admitiu, entretanto, que a valorização da moeda brasileira desde o final de 2002 vem corroendo essa vantagem comparativa que, em algum momento, pode ser revertida.

"Essa é uma questão de US$ 5 bilhões", afirmou Baumann, ao referir-se ao possível impacto negativo, sobre as exportações brasileiras, da valorização ocorrida nos últimos anos. "Causa perplexidade o desempenho exportador brasileiro no atual cenário de taxa de câmbio aparentemente adversa, de atividade econômica em recuperação e de taxa de juros estratosférica", acrescentou, durante a apresentação do Relatório de 2005 da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).

Baumann chegou às conclusões com base em outro documento recente, o Estudo Econômico da América Latina e do Caribe 2004-2005, realizado pela Cepal. Ele advertiu ainda que, a essa tendência pouco favorável para as exportações, soma-se a indecisão do país sobre qual a efetiva participação da balança comercial em sua política macroeconômica. Como exemplo, Baumann afirmou que o país ainda não definiu a pauta de exportações que pretende consolidar a longo prazo, e tampouco se realmente é necessário alterar a taxa de câmbio.

Apesar dessas incertezas, a balança comercial ainda registra movimentos favoráveis, com saldos comerciais inéditos no país. De janeiro a agosto, os embarques somaram US$ 76,086 bilhões e contribuíram para o superávit de US$ 28,348 bilhões no período. Nos 12 meses concluídos em agosto, as exportações chegaram a US$ 111,206 bilhões, levando o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MDIC) a começar a rever a projeção para o ano, até agora fixada em US$ 112 bilhões.

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