A forte desvalorização do real no segundo semestre de 2008 pesou no balanço da Copel. O lucro líquido da companhia no ano passado, de R$ 1,079 bilhão, ficou 2,5% abaixo do registrado em 2007. A retração se concentrou nos últimos três meses do ano: o resultado da companhia caiu de R$ 312 milhões no último trimestre de 2007 para R$ 180 milhões no mesmo período de 2008, um recuo de 43%.
Segundo o presidente da Copel, Rubens Ghilardi, a queda no lucro já era esperada devido ao aumento nos custos de compra de energia de Itaipu e outros itens atrelados ao dólar e que ainda não foram repassados para o consumidor. "A acelerada valorização do dólar a partir do final de setembro, quando a economia internacional deu sinais inegáveis de instabilidade, acabou impactando significativamente alguns encargos da empresa indexados à moeda norte-americana, como a compra de energia produzida por Itaipu e as contas de suprimento de gás natural para distribuição pela Compagas", afirmou Ghilardi em nota divulgada à imprensa.
O gasto da Copel com energia comprada para distribuição teve um aumento de 26,2% em 2008, chegando a R$ 1,6 bilhão. A conta de gás natural subiu 23%, para R$ 163 milhões. Assim, as despesas operacionais da Copel tiveram uma alta de 10,5% no ano, enquanto a receita operacional líquida subiu mais lentamente, 4,9%.
A expansão da receita está ligada a um aumento no consumo de energia em 2008. O mercado cativo cresceu 6% no ano, para 19,6 mil gigawatts-hora, enquanto o mercado livre teve uma retração de 19%, para 1,1 mil gigawatts-hora. Assim, a expansão no total de energia fornecida pela companhia no ano passado foi de 4,2%, para 21,3 mil gigawatts-hora. No quarto trimestre, a crise econômica, que derrubou a demanda no mercado livre, formado por grandes empresas, fez com que o aumento no consumo se desacelerasse para 2,2%, na comparação com o mesmo período de 2007.
Entre os segmentos de consumo, a indústria foi o que apresentou a maior expansão no ano passado, de 7,8% ritmo que foi mais lento no quarto trimestre, 4,6%. "Esse número é coerente com o crescimento da produção industrial paranaense em 2008, que atingiu 8,6% e superou largamente a média nacional de 3,1%", explicou Ghilardi.