O alargamento do déficit em conta corrente no próximo ano pode pressionar a moeda brasileira. Os riscos ao financiamento das contas externas são a supervalorização do real e a elevação do risco-país em reação à ampliação do déficit em conta corrente. A avaliação é do sócio da gestora e consultoria Investport, Dany Rappaport. "O foco do próximo governo vai ser como melhorar a questão da balança comercial e a questão do real", disse.
Rappaport observa que as compras de dólares pelo Banco Central não estão conseguindo alterar a trajetória do câmbio. "Ela só será ser alterada quando mudar a perspectiva dos investidores com relação a Brasil, olhando-o como um país que tem déficit em conta corrente crescente e que, portanto, não vale todo o risco colocado aqui. O que vai mudar a trajetória do câmbio é a perspectiva do investidor, não a política de compras do Banco Central ou do Fundo Soberano", reforçou.
Enxurrada
Enquanto os investidores não mudam de ideia, o país atrai uma enxurrada de dólares que ficou ainda mais intensa em razão da capitalização da Petrobras. Apenas na semana passada, entraram no país US$ 9 bilhões, mais do que todo o ingresso da moeda estrangeira acumulado de 1.º de janeiro até 10 de setembro (US$ 5,5 bilhões). De todos os dólares que chegaram ao Brasil na semana passada, 99,2% foram destinados à chamada conta financeira. Por essa via, entram os recursos para compra de ações como os que serão destinados à compra de ações da Petrobras.
Queda
Ontem, primeiro dia após o anúncio de que o Fundo Soberano do Brasil (FSB) atuará no câmbio para conter a valorização do real, o dólar voltou a cair. Fechou com baixa de 0,58%, a R$ 1,71.