A volatilidade do dólar é um reflexo do cenário de incertezas da economia mundial e das medidas adotadas meses atrás pelo governo brasileiro para restringir a alta do câmbio. A expectativa dos economistas, entretanto, é de que o nervosismo seja passageiro e que a moeda norte-americana retome um patamar de estabilidade até o fim do ano. Caso contrário, para evitar que a valorização do dólar dê mais impulso ao já preocupante ritmo da inflação, o governo brasileiro poderá lançar mão de medidas contrárias às que vinha tomando nos últimos meses. Isso inclui a revisão para baixo do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) de algumas operações e até uma eventual subida na taxa de juros.
O economista Lucas Dezordi, professor do FAE Centro Universitário, explica que as medidas adotadas nos últimos seis meses pelo Banco Central como o aumento do IOF sobre o gasto de brasileiros com cartão de crédito no exterior visavam justamente segurar o preço do dólar. Com a recente mudança de cenário, o governo deverá rever essas medidas.
"Essa alta no dólar inevitavelmente vai afetar a inflação. O governo terá de rever suas posições para que não haja repasse do aumento do dólar aos preços. Tenho a convicção de que, se o próximo índice de inflação vier forte, haverá uma revisão da política do IOF e da política monetária, com eventual subida de juros até o fim do ano", diz Dezordi.
Especulação
"O que vimos durante a última semana está relacionado à especulação e à expectativa dos agentes do mercado, que têm aversão ao risco. É difícil fazer previsões, mas esse é um movimento que tende a ser passageiro", avalia o professor de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Luciano Nakabashi.
Para ele, a decisão do BC de baixar os juros deu uma pitada de incerteza no já incerto ambiente econômico. "Antes o comportamento do Banco Central era muito estável, havia a previsibilidade. Hoje ela é menor do que era. O BC ainda é conservador e vai fazer o possível para conter a inflação. Mas existe um pouco mais de incerteza do que há cinco meses", aponta.
Mas, para Nakabashi, apesar de a economia brasileira estar muito dependente da entrada de capitais, a quantidade de reservas do país é grande e o ingresso de dólares através de investimento direto se mantém em um nível razoável. "Não há nada que indique uma tendência de depreciação do real", afirma.
Intervenção
Na última sexta-feira, durante um evento em Washington, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, procurou dar sinais de que vai intervir para segurar a cotação da moeda americana. "Toda vez que nós sentirmos a necessidade de entrar no mercado, o BC estará lá para assegurar a tranquilidade no funcionamento do mercado de câmbio no Brasil."
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, fez comentários no mesmo sentido. "Nós estabelecemos medidas regulatórias que são feitas justamente para isso, que são feitas para colocar e tirar. Nós temos vários tributos dessa natureza. Muitas vezes nós colocamos e depois, quando não é necessário, nós tiramos", afirmou.
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