São Paulo Ele custa R$ 989. Mas, na rua Santa Ifigênia (região central de São Paulo), um Windows Vista Ultimate "genérico" custa R$ 15. Já na Avenida Paulista (zona sul), o preço é mais "salgado": R$ 20 2% do valor de um original.
O valor seria considerado um "roubo" na China, onde uma cópia do programa custa menos de R$ 3. No mercado da pirataria, R$ 20 também é caro aqui no Brasil, mas os vendedores explicam: "É DVD, aí fica mais caro. Se fosse em CD, seriam vários discos", diz um comerciante da Paulista.
As novas versões do Windows Vista chegaram às prateleiras legalizadas ontem. Antes disso, os pontos de venda de software pirata já dispunham das novidades.
Para quem quer variedade, a viagem ao mundo dos ilegais será um esforço em vão. Raramente se encontra outra versão que não a Ultimate. "Essa é a full [completa]", ressalta outro vendedor da avenida. Nada de Home Basic. "Não vale a pena. Seria o mesmo preço por menos conteúdo", completa. "Ninguém quer saber de outra versão. Essa está saindo bem", diz o colega de um ponto de venda vizinho.
Ninguém parece se importar com o risco de responder na Justiça por violação de direitos autorais com intuito de obter lucro. Quem for enquadrado e condenado pode pegar dois a quatro anos de prisão, além de multa.
Ranking
Apesar de todos os esforços das indústrias de tecnologia, cinema e música, a pirataria ainda é amplamente praticada por produtores, vendedores e consumidores em diversas partes do mundo. O Brasil é o quarto país em pirataria, segundo a lista divulgada pelo grupo Bascap (sigla em inglês para Ação Empresarial para o Fim da Falsificação e Pirataria) perde apenas para China, Rússia e Índia.
Assim como nos outros países do ranking, essa indústria ilegal subemprega milhares de pessoas no Brasil. Como os vendedores da Santa Ifigênia, que, apesar do pouco conhecimento sobre o que vendem, se esforçam para comercializar a mercadoria.
"Esse é o Ultimate?", pergunta a reportagem. "É", responde o vendedor que expõe sua mercadoria sobre um papelão, na calçada da rua famosa pelas lojas de eletrônicos. "E o Basic, tem?" "É esse", ele informa. "Mas esse é o Ultimate ou o Basic?" "É tudo aí. Tudo Vista."