O diretor do filme Avatar, James Cameron, criticou nesta segunda-feira (12), em visita ao Brasil, a construção da usina de Belo Monte, no Rio Xingu (PA). O cineasta disse que iria pedir apoio de congressistas norte-americanos na luta contra o projeto. "Esta não é uma questão só do Brasil, mas do mundo todo. Vou para Washington para conversar com senadores", disse.
Segundo Cameron, a usina vai desalojar a população ribeirinha e pode acelerar o aquecimento global. Ele explicou que a construção da hidrelétrica vai provocar a inundação da vegetação nativa e gerar gás metano. "Washington deve ter interesse [em evitar a usina]. É um problema internacional. O reservatório vai provocar o impacto do metano, que é 20 vezes mais danoso do que o gás carbônico", afirmou.
O diretor também defendeu que os Estados Unidos contribuam com a preservação da floresta Amazônica através de financiamentos para projetos ambientais. "Se evitar o aquecimento global significa preservar a floresta Amazônica, então os Estados Unidos devem contribuir, inclusive financeiramente".O diretor de Avatar disse esperar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se convença dos danos que a construção da usina supostamente pode provocar. "Eu o desafio a ser um líder, o líder do século 21", disse.
População local
Cameron também criticou a suposta exclusão da população ribeirinha e indígena do processo político que culminou com uma licença ambiental prévia para a construção da hidrelétrica. O leilão para selecionar o consórcio que irá construir Belo Monte está marcado para o dia 20 de abril. "Esse é um processo que ignora os afetados pelo projeto. Eles não têm voz, estão sendo excluídos do processo político de construção da usina", disse. Esse é um processo que ignora os afetados pelo projeto.
O cineasta afirmou ainda que um projeto da magnitude da de Belo Monte não pode ser iniciado sem que especialistas ambientais e a população afetada sejam ouvidos. "Não se decide se um projeto é bom ou ruim depois de iniciado o processo", criticou.
Cameron participou nesta segunda (12) de um protesto em Brasília contra a construção da usina. Também participaram da manifestação o ator Victor Fasano e atriz norte-americana Sigourney Weaver. A atriz também criticou a usina e disse que o "desenvolvimento econômico não pode ocorrer a qualquer custo".
Na semana passada, o ministro de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, defendeu a construção de Belo Monte e disse que a legislação ambiental foi respeitada.
"Todo o ritual de estudos ambientais de Belo Monte, começado em 2005, foi entregue, passou por anos de análise do Ministério do Meio Ambiente. Isso dá robustez. Então, quando você recebe a licença é porque você cumpriu toda as etapas. Temos plena confiança de que é uma usina confiável, cumpriu todas as etapas da legislação ambiental", disse.