Paralisações ainda não afetam consumidor
Os órgãos que representam os principais setores varejistas da alimentação ainda não registraram impacto nos preços por causa dos piquetes que param caminhões nas estradas do estado. Mesmo assim, tanto a Associação Paranaense de Supermercados quanto a Central de Abastecimento do Paraná (Ceasa) acendem um alerta para a possibilidade de a cotação de produtos de consumo imediato subir caso a greve se estenda.
Na agricultura, o estado registra problemas pontuais no abastecimento, que ainda não chegaram ao bolso dos consumidores. O coordenador da Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar, Neveraldo Oliboni, diz que interrupções entre o Sudoeste do Paraná e Oeste de Santa Catarina, já causaram problemas em cargas de leite. "O pessoal de modo geral tem dado condição para que produtos perecíveis passem, mas amanha quarta-feira (1º) nós vamos nos posicionar a respeito desses episódios [interrupções das estradas] da greve dos caminhoneiros", previne.
Em nota, a União Brasileira de Avicultura (Unabef) relatou dificuldades de abastecimento de granjas com alimento para frangos. Outro setor que tem restrições para cumprir suas metas é o de transporte de carros. O Sindicato Nacional dos Cegonheiros, por meio da assessoria de imprensa, informou que entregas já foram suspensas por causa dos bloqueios.
Mesmo com a sinalização do governo de que não haverá negociação com os caminhoneiros enquanto houver bloqueios de cargas nas estradas, as polícias rodoviárias do Paraná registraram pontos de parada de veículos de carga no estado nesta terça-feira (31).
Dos 25 bloqueios realizados pela manhã no Paraná, a Polícia Rodoviária Federal registrou a liberação de sete pontos: o quilômetro 397, da BR-369; o quilômetro 452, da BR-277; o quilômetro 670, também da BR-277; o quilômetro 78, da BR-467; o quilômetro 231, da BR-376; o quilômetro 207, da BR-158, e o quilômetro 196, da BR-487. Já nas estradas administradas pelo estado do Paraná, às 17h30 ainda não havia informações de que bloqueios tivessem sido liberados, segundo a Polícia Rodoviária Estadual.
Os piquetes começaram às 7h30 nesta terça. Foram registrados bloqueios na PR-082, na altura do quilômetro 226, no município de Terra Boa; no quilômetro 04 da PR-473, em Três Barras; na PR-323, em Umuarama, na altura do quilômetro 303; na PR-182, em Toledo; na PR-151, entre Piraí do Sul e Castro; na PR-495, em Medianeira; na PR-170, no município de Pinhão.
Outras três rodovias estaduais apresentaram pontos de interdição durante o dia. No quilômetro 458 da PR-182, em Realeza, a manifestação provoca filas a partir do ponto do bloqueio. Na PR-471, quilômetro 222, em Nova Prata do Iguaçu, e no quilômetro 437, da PR-180, em Dois Vizinhos, há congestionamentos. Outro ponto de bloqueio é registrado pela PRE, entre os quilômetros 177 e 180 da PRC-466, em Pitanga.
Rodovias federais
Os caminhoneiros também fizeram piquetes em rodovias federais que cortam o estado. Na BR-277, chegou a haver quatro pontos de interdição, em Medianeia, Laranjeiras do Sul, Guarapuava e Campo Largo.
Na BR-163, também foram registrados quatro bloqueios: no quilômetro 7, em Barracão, no quilômetro 42, em Pranchita; no quilômetro 64, em Pérola do Oeste; e no quilômetro 86, em Capanema.
Dois piquetes bloquearam o trânsito de caminhões na BR-376: no quilômetro 231, em Apucarana e no quilômetro 323, em Mauá da Serra. Também há manifestações na BR-369, em Mamboré; na BR-467, em Toledo; na BR-158, em Peabiru e na BR-487, em Campo Mourão.
Negociações
Na tarde desta terça-feira (31), entidades representantes dos motoristas e o próprio ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, realizaram reunião em Brasília para tentar resolver o impasse dos piquetes realizados pelo país. Diferentes entidades, como a Confederação Nacional de Transportadores Autônomos (Cnta), a União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam) e o Movimento Brasil Caminhoneiro (Mubc) apresentaram divergências entre seus posicionamentos a respeito dos piquetes.
"A maioria dos caminhoneiros está sendo coagidos por uma minoria que decidiu aderir à greve da categoria", afirmou o presidente da CNTA, Diumar Bueno. Opinião parecida com a do líder da União Nacional dos Caminhoneiros (Unicam), que afirmou que o país se mostrou disposto a discutir, sem a necessidade de paralisações para chegar a um consenso entre os envolvidos.
O Movimento União Brasil Caminhoneiro, que convocou a paralisação da categoria desde segunda-feira (30) quer que o governo revogue duas normas da ANTT para os caminhoneiros voltarem a circular livremente. Uma das normas da ANTT aumentou o número de permissões para caminhoneiros operarem o que está reduzindo o preço do frete. A outra instituiu a chamada carta-frete, em que os caminhoneiros são obrigados a receber numa espécie de conta bancária.O governo manteve a posição de não negociar enquanto houver paralisação e marcou nova rodada de negociação na próxima quarta-feira (8).
Reivindicações
A mobilização é uma reação a pontos da chamada Lei do Caminhoneiro em vigor desde junho deste ano que limitou a jornada de trabalho a 10 horas para os contratados e a 12 horas para os autônomos. Outra exigência são intervalos de 30 minutos a cada 4 horas trabalhadas e um repouso ininterrupto de 11 horas a cada 24 horas.
A categoria também contesta pontos da Resolução 3658 da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que acaba com a carta-frete e a informalidade na discriminação de custos da contratação de autônomos por parte das transportadoras. Os trabalhadores pedem a suspensão temporária da norma, até que o sistema eletrônico de pagamento seja estruturado.
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