Era o melhor trabalho do mundo ou a melhor campanha de marketing do mundo? Ao avaliar os resultados do concurso para "zelador" de uma remota ilha australiana, parece que a segunda opção é ainda mais provável. O tal emprego, apelidado de "o melhor do mundo", ficou com o britânico Ben Southall, de 34 anos, que terá a chance de relaxar por seis meses em um dos lugares mais bonitos do planeta e ainda receber US$ 100 mil por isso (cerca de R$ 220 mil). Mas quem lucrou mesmo com o evento foi o Comitê de Turismo de Queensland.
A manchete de que Southall, um montador de avestruzes, praticante do bungee jumping e trabalhador voluntário no sul da Inglaterra tinha vencido 35 mil candidatos e ter sido selecionado como um zelador simbólico da Ilha Hamilton, na Grande Barreira de Corais da Austrália, rendeu mais de mil matérias, segundo busca no Google News.
O sortudo começa a "trabalhar" dia 1º de julho. Ele está contratado para trabalhar apenas 12 horas por mês e possui tarefas "muito árduas" a realizar, como mergulhar para explorar o límpido mar australiano, fotografar e cuidar da alimentação de peixes raríssimos. Sua função principal, entretanto, é a de ser um embaixador que escreve blogs e faz uma melhor divulgação da ilha.
O emprego faz parte de uma campanha turística de 1,7 milhão de dólares australianos que tem como objetivo divulgar o nordeste de Queensland pouco para os mais de 110 milhões já arrecadados em publicidade. Na última terça-feira, a primeira-ministra de Queensland, Anna Bligh, descreveu o concurso como "a mais bem-sucedida campanha de marketing turístico de todos os tempos".
Especialistas no assunto concordam com Bligh. "Não se consegue comprar este tipo de publicidade", declarou Claire Beale, editora da revista publicitária Campaign. "Esta foi uma campanha de marketing muito perspicaz em vários níveis. Agora que o candidato foi escolhido, espera-se que a cobertura aumente ainda mais", complementou.
Resta saber se "o melhor emprego do mundo" irá trazer mais dólares para o turismo de Queensland. "Falando francamente, você pode ter obtido 150 milhões de dólares em publicidade grátis, mas se isso não fizer com que turistas venham para a ilha e gastem dinheiro, só perdemos nosso tempo com a campanha", disse Anthony Hayes, chefe-executivo da Tourism Queensland, que patrocinou o evento.