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Balança comercial

Campo sustenta superávit desde 2001

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O embarque de produtos agrícolas, principalmente de soja, livrou o Brasil de mais um déficit na balança comercial. É o 12º ano consecutivo em que o país se apoia no agronegócio. Desta vez, o déficit seria de US$ 56 bilhões, o que revela uma economia vulnerável.

Depois de um período de seis anos fechando as contas no vermelho, entre 1995 e 2000, o país não sabe desde 2001 o que é ter saldo negativo graças à participação do agronegócio. Em 2012, o volume de negócios acumulado entre janeiro e novembro mostra que o superávit de US$ 73 bilhões do campo é suficiente para cobrir, mais uma vez, o déficit dos demais setores.

Pelo menos um terço dos produtos brasileiros exportados nos últimos dez anos são oriundos do campo. Neste ano a participação beira 40% (US$ 88,6 bilhões), refletindo a importância do setor para que as contas do país fechem no azul.

Nos últimos 12 anos, o superávit agronegócio não foi maior que o saldo da balança comercial duas vezes, em 2005 e 2006, quando os demais segmentos produtivos deram conta do recado sozinhos. Ainda assim, o agro contribuiu com 85,7% e 92,1% do superávit nacional, respectivamente.

A queda na participação do setor industrial, compensada apenas parcialmente pelo setor de serviços, contribuiu para que o agronegócio fosse o responsável por equilibrar a balança novamente, avalia Carlos Magno Bittencourt, economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Paraná (Corecon - PR). "A economia está apática, influenciada pelo menor crescimento da China, pela ligeira recuperação dos Estados Unidos e pela crise na Europa", pontua. Ele alia esses elementos às vantagens comparativas encontradas no Brasil, como a existência de clima favorável e disponibilidade de terras.

Apesar dos bons números, a dependência do campo pode ser prejudicial no médio e longo prazo. "Nossa balança comercial é coberta por investimento estrangeiro direto, ou seja, o déficit está sendo financiado com dinheiro de fora", explica Roberto Zurcher, economista da Fiep.

Ele considera que essa dependência em relação ao agronegócio também é nfluenciada por políticas do passado, como a Lei Kandir (87/96), que trata da tributação para produtos exportados. "Essa lei incentivava a exportação de bens primários, em uma época que o país precisava de divisas. Não houve mudanças desde aquela época que incentivassem a agregação de valor a esses bens", complementa.

Os especialistas defendem que uma mudança deve vir de políticas de longo prazo. "É preciso aproveitar essas vantagens mas também desenvolver outros setores, criar uma indústria de ponta", afirma Bittencourt. "A mudança deve ocorrer aos poucos, mas o país tem capacidade de agregar valor internamente", complementa Zurcher.

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