Local onde está sendo levantada a fábrica de caminhões DAF: Ponta Grossa é a “bola da vez”| Foto: Luciano Mendes

Paraná competitivo

Governo quer captar investimentos de R$ 10 bilhões em 2013

O Paraná negocia atualmente a vinda de empresas do setor automotivo, metalmecânico, cimenteiro e de laticínios, segundo o secretário de indústria e comércio e assuntos do Mercosul, Ricardo Barros. Nas contas do governo, o programa de incentivos Paraná Competitivo já atraiu R$ 20 bilhões em projetos para o estado. Estima-se que outros R$ 10 bilhões poderiam ser captados em 2013, se as negociações avançarem. Entre as apostas do governo estão as conversas para trazer novas montadoras para o Paraná. Pelo menos quatro grupos estariam discutindo a possibilidade com o governo, mas Barros não dá mais detalhes. "Se dermos, os outros estados vão para cima das empresas", justifica.

Segundo ele, o governo vem estudando internamente a possibilidade de criar um fundo de compensação para empresas. "O fundo cobriria a diferença entre o custo de produzir na região de Curitiba e no interior, por exemplo", afirma.

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As regiões metropolitanas de Curitiba e Porto Alegre ainda concentram boa parte dos investimentos da região Sul, mas aos poucos os projetos estão avançando rumo ao interior. O exemplo mais claro desse movimento vem da região de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, que, depois de quase dez anos sem receber investimentos de grande porte, vive agora um novo ciclo de industrialização.

Segundo maior polo in­­dustrial do estado – atrás apenas da região de Curitiba – a cidade é a "bola da vez" em in­­vesti­men­tos e está atraindo projetos de empresas como a fabricante de caminhões norte-americana DAF, da Ambev e da indústria de embalagens Tetra Pak. A expectativa é de que essa nova leva de investimentos dobre o Produto Interno Bruto (PIB) de Ponta Grossa – hoje em R$ 5 bi­­lhões – em seis anos.

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"A região de Ponta Grossa está vivendo o que Curitiba viveu no passado. Com a escassez cada vez maior de áreas para construção de novas fábricas perto da capital, ela é a opção mais próxima e natural, como boa infraestrutura e mão de obra qualificada", diz Gilmar Mendes Lourenço, presidente do Ipardes.

A região dos Campos Gerais também vai receber o investimento da Klabin, que já tem uma fábrica em Telêmaco Borba e se prepara para erguer uma outra em Origueira, com capacidade para fazer inicialmente 1,5 milhão de toneladas de celulose.

Mas se de Curitiba até Ponta Grossa estão os maiores investimentos, mais para o interior predominam projetos de menor porte, muitos deles voltados para o agronegócio. "Para mudar isso, será necessário, mais do que dar incentivos, melhorar infraestrutura de transporte, investir em educação e priorizar vocações regionais", diz Lourenço. Para o presidente da Fiep, Edson Campagnolo, os pequenos investimentos têm um efeito multiplicador nas pequenas cidades e precisam ser incentivados. "Muitas vezes não é necessário uma montadora para ativar a economia dessas regiões. A questão é aumentar e diversificar o volume de projetos", diz.

Consumo interno impulsiona investimentos

O aumento do poder de compra dos brasileiros, que engordou o mercado de consumo do país nos últimos anos, está ajudando a pautar a construção e ampliação de fábricas na região Sul. Por atrás de boa parte dos investimentos dos setores automotivo, de energia e alimentos e bebidas está a intenção de aproveitar o vigor do mercado interno.

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Para Gilmar Mendes Lourenço, presidente do Ipardes, eles são uma aposta das empresas na economia brasileira no médio e longo prazo. "Esses grupos apostam na superação da estagnação. Ao mesmo tempo são os investimentos que farão com que a economia brasileira saia dessa condição", diz.

Para o presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, principalmente após a crise econômica de 2008, o Brasil entrou na mira dos investimentos industriais mundiais. Segundo o secretário de Indústria, Comércio e Assuntos do Mercosul do Paraná, Ricardo Barros, o resultado fraco da economia e o aumento da inflação atrapalham, mas o Brasil continua no radar. "Não somos uma Brastemp, mas ainda assim somos uma boa opção", diz.

Apesar do foco no mercado interno, os investimentos deverão também impulsionar as vendas externas das empresas, segundo Campagnolo, da Fiep.