O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.| Foto: Reprodução/YouTube/Roda Viva.
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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, afirmou que vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para aproximar a instituição do governo. Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (13), Campos Neto negou que tenha atuado de forma política no comando do BC.

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“O Banco Central é uma instituição de Estado, precisa trabalhar com o governo sempre. Estamos sempre abertos a trabalhar com o governo, a colaborar. Eu entendo que existe pressa da parte do presidente Lula, eu entendo que existe uma agenda social”, afirmou. “O Banco Central precisa trabalhar junto com o governo e eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para aproximar o Banco Central do governo”, acrescentou.

Questionado sobre sua proximidade com ex-integrantes do governo Bolsonaro, ele ressaltou que é importante diferenciar proximidade com independência de atuação. “Se o Banco Central tivesse leniente, se quisesse participar politicamente, não teria subido o juro, teria até feito até uma política para estourar a inflação, mas foi uma coisa que não fez”, disse.

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O economista lembrou que durante a campanha presidencial de 2022 “houve uma tentativa de politizar o Pix”. Campos Neto afirmou que recebeu políticos de diversos partidos no BC. “Acho que eu sempre atuei para isolar o Banco Central do círculo político”, disse.

Mudar meta de inflação agora terá efeito oposto ao desejado, diz Campos Neto

O Conselho Monetário Nacional (CMN) deve se reunir na quinta-feira (16) pela primeira vez desde o início do governo Lula. O colegiado é formado por Campos Neto e pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e Planejamento, Simone Tebet, e tem entre suas responsabilidades a definição da meta de inflação.

Na entrevista ao Roda Viva, Campos Neto afirmou que tem conversado com os ministros Haddad e Tebet sobre o cenário econômico, mas negou que o BC estude alterar a meta – que hoje é de 3,25% para 2023 e 3% para os dois anos seguintes, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos.

Recentemente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou as metas atuais e defendeu o patamar de 4,5% que vigorou em seus mandatos anteriores.

"Importante dizer que nós não estudamos mudança de meta. Não entendemos que a meta é um instrumento de política monetária", afirmou o presidente do BC. "Se a gente fizer uma mudança agora, sem um ambiente de tranquilidade e um ambiente onde a gente está atingindo a meta com facilidade, o que vai acontecer é que você vai ter um efeito contrário ao desejado. Ao invés de ganhar flexibilidade, você pode terminar perdendo flexibilidade."

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Segundo ele, uma alteração neste momento levaria as expectativas de inflação para além da nova meta, com um "prêmio" de risco ainda maior.

Campos Neto disse ainda que o BC realiza estudos para o aprimoramento do sistema de metas para “melhorar a eficiência do cumprimento das metas”. O economista não detalhou quais seriam as propostas de aprimoramento para a meta, mas disse que parte deles foi divulgada nos jornais.

Na segunda-feira (13), texto do "Valor" afirmou que uma possibilidade em estudo seria adoção de uma "meta contínua" de inflação, com o BC agindo para manter a inflação dentro desse objetivo o tempo todo, em vez do atual regime de metas anuais, no qual a autoridade monetária busca atingir determinada meta ao fim do ano.

Lula tem criticado atuação do Banco Central e chamou autonomia de "bobagem"

Nas últimas semanas, Lula fez reiteradas críticas ao Banco Central (BC) e à atuação de Campos Neto. O presidente chegou a dizer que a autonomia da autarquia, aprovada pelo Congresso em 2021, é “bobagem”. Além disso, Lula criticou taxa básica de juros, definida pela autoridade monetária.

"Não é possível que a gente queira que este país volta a crescer com taxa de 13,75%. Nós não temos inflação de demanda. É só isso. É isso que eu acho que esse cidadão [Campos Neto], indicado pelo Senado, tenha possibilidade de maturar, de pensar e de saber como vai cuidar deste país. Ele tem muita responsabilidade", disse Lula.

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No último dia 1º, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano. O índice está em vigor desde agosto de 2022. Durante a entrevista ao Roda Viva, o economista afirmou que o BC "não gosta de juros altos".

"O Banco Central não gosta de juros altos. A nossa agenda toda é social. A gente acredita que é possível fazer fiscal junto com bem-estar social, mas é difícil ter bem-estar social com inflação descontrolada", pontuou.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]