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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, elogiou a política econômica que vem sendo implementada pelo governo do presidente Javier Milei, na Argentina, e voltou a criticar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que extingue da jornada de trabalho 6x1.
As declarações de Campos Neto foram dadas durante evento na Associação Comercial de São Paulo (ACSP), onde o presidente do BC foi homenageado, na terça-feira (19).
Campos Neto citou as medidas econômicas do governo argentino ao tratar do tema fiscal.
Segundo o presidente do BC, quando medidas de expansão fiscal são implementadas em um cenário de alta percepção de desequilíbrio das contas, o efeito gerado pode ser contrário ao esperado.
“Ou seja, eu faço um pacote fiscal tentando fazer a economia crescer e o efeito é uma contração econômica porque o elemento prêmio de risco, que atua sobre a disposição das pessoas de gastar e investir, acaba sendo maior do que o dinheiro que foi colocado em circulação. Você tenta empurrar a economia pelo fiscal mas na verdade faz ela encolher”, disse Campos Neto.
Na avaliação do economista, a Argentina é um exemplo de que o contrário também acontece. Quando medidas fiscais, mesmo anunciadas em um cenário de desequilíbrio de contas, podem gerar um desempenho econômico melhor do que o esperado.
“No começo (após medidas de contração fiscal na Argentina), a economia não cresceu muito. Agora está surpreendendo para cima porque a diminuição do prêmio de risco vale mais do que o dinheiro que você tirou de circulação por ter feito a contração (de gastos)”, disse Campos Neto.
Escala 6x1
Ainda, na ocasião, o presidente do BC voltou a criticar a PEC que põe fim à escala 6x1. Segundo Campos Neto, existe “dúvida no ar” sobre o rumo dos juros nos Estados Unidos e "grande expectativa" sobre o pacote de corte de gastos que será apresentado pelo governo Lula.
Nesta quinta-feira (21), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que os técnicos dos ministérios envolvidos no pacote de corte de gastos devem finalizar até sexta (22) as diretrizes do ajuste fiscal para apresentá-lo ao presidente Lula (PT) sinalizando que a apresentação final deve mesmo ficar para a próxima semana.
No último dia 14, durante uma palestra do Fórum Liberdade e Democracia de Vitória, Campos Neto classificou a iniciativa pelo fim da escala 6x1 como “bastante prejudicial”.
“É um projeto que acho bastante prejudicial para o trabalhador, porque no final vai aumentar o custo de trabalho, a informalidade e diminuir a produtividade”, afirmou o presidente do BC.
O tema ganhou repercussão esta semana por conta da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), apresentada por Erika Hilton, líder da federação PSOL - Rede na Câmara dos Deputados, que propõe a extinção da jornada de trabalho 6x1.
A PEC propõe a substituição da jornada de trabalho 6x1 - na qual os empregados trabalham por seis dias na semana, folgando um - pela jornada 4x3, com quatro dias trabalhados e três de folga.