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Taxa de juros

Campos Neto diz que “ruídos” na política fiscal interromperam corte de juros

Roberto Campos Neto
Presidente do Banco Central afirmou que dados econômicos favoráveis não foram suficientes para manter cortes da Selic. (Foto: reprodução/Banco Central)

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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça (2) que a decisão de interromper o ciclo de cortes da taxa de juros em junho deste ano se deveu mais a “ruídos” no ambiente econômico do que aos fundamentos econômicos propriamente ditos.

A taxa básica de juros foi mantida em 10,5% na reunião de junho após sucessivos cortes que iniciaram em agosto do ano passado, levando a críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e de aliados do governo. Campos Neto acabou sendo personificado como o responsável pela decisão.

Ele explicou que esses ruídos surgiram de duas frentes: expectativas relacionadas ao caminho da política fiscal e à política monetária.

“Isso [interrupção dos cortes de juros] tem a ver muito mais com ruídos que nós criamos do que com os fundamentos [da economia]. E os ruídos estão relacionados com dois canais: um é a expectativa do caminho da política fiscal [arrecadação e gastos públicos], e o outro é a expectativa sobre o futuro da política monetária [decisões sobre a taxa de juros]”, disse durante um evento organizado pelo Banco Central Europeu em Portugal.

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Campos Neto afirmou, ainda, que esses dois ruídos ao mesmo tempo criaram “uma incerteza suficiente que, para nós, precisávamos interromper e ver como podíamos arrumar esse canal, e como nós podemos nos comunicar melhor para eliminar esses ruídos”.

O presidente do Banco Central ressaltou que, apesar dos dados econômicos atuais, como as informações sobre as contas públicas e a inflação, estarem dentro das expectativas, a percepção do mercado começou a se deteriorar, criando um ambiente de incerteza.

“O que aconteceu no Brasil é que as expectativas começaram a subir apesar de os dados correntes [de inflação] estarem vindo conforme o esperado”, explicou.

Ao manter a taxa de juros a 10,5%, o Comitê de Política Monetária (Copom) fez Lula endurecer o discurso contra Campos Neto, com ataques diários que estão refletindo diretamente na cotação do dólar – a moeda norte-americana chegou a R$ 5,67 nesta terça (2).

No final da manhã, o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, veio a público explicar que há uma falha de “comunicação” que precisa ser acertada, e que vai se reunir com Lula na quarta (3) para apresentar as propostas para o corte de gastos do governo.

Este tem sido um dos principais caminhos apontados pelo mercado para o governo promover o ajuste fiscal deste ano sem apelar mais para a arrecadação de impostos. No entanto, Lula já se mostrou contrário a isso e já questionou a necessidade de cortar ou de incrementar a tributação.

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