Num ano de preços baixos para soja e milho os principais produtos da agricultura brasileira , o Valor Bruto da Produção (VBP) agrícola deve subir 1,94% em relação a 2009 graças à valorização de cana, café e laranja. Estimativa divulgada ontem pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) estabelece o VBP das lavouras referente a 2010 em R$ 172,9 bilhões, o segundo maior valor da história.
Soja e milho caíram 4,45% e 7,81%, respectivamente, perdendo participação no bolo do VBP. Juntas, as duas culturas representavam 37,8% das riquezas do campo em 2009. Neste ano, caem para 35,08%, conforme cálculos a partir dos números do Mapa.
Por outro lado, a cana-de-açúcar saltou 14,74%; o café, 30,29%; e a laranja, 22,49%. Esses três produtos que vêm logo depois de soja e milho no ranking de participação no VBP agrícola representavam 28,87% do valor da produção. Agora, atingem 33,95%.
O cenário mostra que a maior parte da renda agrícola vem de fontes cada vez mais diversas. O VBP de 2010 ainda pode mudar, dependendo do resultado final de dezembro, que só deve ser conhecido em janeiro. Trata-se da estimativa mais consolidada do ano.
O coordenador de Planejamento Estratégico do Mapa, José Garcia Gasques, atribuiu o recuo de soja e milho ao comportamento do mercado internacional. O setor produtivo, porém, ataca a política cambial. Os preços recebidos em real poderiam superar os do ano passado se a moeda nacional não estivesse tão valorizada diante do dólar, aponta a Federação da Agricultura do Paraná (Faep), que vem registrando queda no valor bruto dos grãos desde o primeiro semestre.
Otimismo
O Mapa prevê que o agronegócio atinja recorde nas exportações. De janeiro a novembro, o setor embarcou o equivalente a US$ 70,3 bilhões 17,7% a mais que no mesmo período de 2009. A estimativa é que seja exportado o equivalente a US$ 75 bilhões, valor 4,46% acima do recorde de US$ 71,8 bilhões alcançado em 2008.
O otimismo predomina também na previsão do VBP agrícola de 2011: R$ 185 bilhões. O avanço sobre a estimativa para 2010 seria de 7%. O VPB considera estimativas de produção do próprio governo e os preços recebidos pelos produtores.