Era meio-dia de quarta-feira (16) quando o diretor de marketing do WTC Business Club, Diego Pettinazzi, abriu uma reunião com 50 empresários e executivos do Paraná dando a notícia de que o ex-presidente Lula seria ministro-chefe da Casa Civil. “É algo que não me deixa animado. Mas, enfim, estamos aqui para discutir perspectivas”, disse. A nomeação de Lula, confirmada duas horas depois, e a divulgação de uma conversa telefônica dele com a presidente Dilma Rousseff elevaram a níveis inéditos a incerteza sobre o futuro da política e da economia.
Até então, a principal dúvida era quanto ao prazo de vencimento de um governo sem articulação no Congresso, sob ameaça de impeachment e acuado pelo avanço da Operação Lava Jato. Agora, também não se sabe que rumo a política econômica tomará com a volta de Lula ao Planalto.
No encontro do WTC, o diretor comercial da Livrarias Curitiba, Marcos Pedri, resumiu a inquietação dos colegas. “Quando o país voltará ao normal?”, perguntou ao economista Paulo Funchal, da consultoria Grand Thornton. Ficou sem resposta. “Supondo que Dilma caia, e independentemente de quem tomar seu lugar, daqui a dois anos poderemos ter o início de uma retomada. Mas isso depende do que acontecer até lá”, disse Funchal.
À medida que o país fica mais imprevisível, a atividade econômica vai tendendo à inércia. Inseguro, o consumidor evita grandes despesas. O comércio vende menos e reduz as encomendas à indústria, que diminui a produção e não investe. Nesse processo, muita gente perde emprego e renda, o que realimenta o círculo vicioso.
Insegurança
“Como o momento é de muita insegurança, as empresas ficam esperando o transatlântico tomar rumo para então pôr mais lenha na caldeira. Fica mais difícil captar novos projetos”, conta Marcio Trevisan, gestor comercial da Pelissari, uma consultoria de TI sediada em Curitiba. Segundo ele, o que garante o avanço do faturamento da companhia são as operações de apoio a projetos já instalados.
Na rede 10 Pastéis, o número de interessados em uma franquia triplicou em 2015, em parte porque a perda do emprego levou altos executivos a buscarem um negócio para aplicar a verba da rescisão. Mas a taxa de conversão, que indica quantas pessoas de fato viraram franqueadas, caiu 30%. “Muita gente queria assinar o contrato, mas estava insegura, com medo”, conta Cristina Fischer, do departamento de expansão. A rede planejava chegar a 50 lojas em dezembro, mas só alcançou o número neste mês. E a meta da centésima unidade foi adiada de 2017 para 2018.