O anúncio do frigorífico Diplomata de férias coletivas para os funcionários das unidades que ainda estavam em funcionamento e a suspensão temporária do abate de frangos aumentou a preocupação de trabalhadores, avicultores e lideranças de Capanema, no Sudoeste, onde a empresa tem aproximadamente 1,1 empregados. A outra unidade que vai suspender a produção fica em Xaxim (SC).
Na segunda-feira dia 19, avicultores integrados ao frigorífico de Capanema chegaram a bloquear as entradas e saídas da unidade e só liberaram após um acordo que prevê o pagamento diário de R$ 100 mil das dívidas atrasadas. A Diplomata se comprometeu em repassar R$ 500 mil aos avicultores até hoje.
De acordo com Dari Possato, presidente da Associação dos Avicultores de Capanema, na segunda-feira a empresa fez o depósito de R$ 100 mil; na terça pagou R$ 50 mil, e quarta-feira R$ 150 mil. Até ontem, a empresa havia cumprido o acordo. Segundo Possato, a dívida com os avicultores passa de R$ 1 milhão. "Nós torcemos para que a empresa não falhe."
A falta de pagamento desestimulou o produtor Domingos Dall Alba que decidiu não mais alojar os animais. Ele disse que vai se desfazer do aviário e investir apenas na agricultura. Dall Alba tem R$ 7 mil para receber do frigorífico. Na semana passada, sem alimentos para os cerca de 5 mil frangos que mantinha no aviário, ele soltou as aves para que elas pudessem se alimentar de insetos.
Arrecadação
A Diplomata é a maior empregadora e geradora de impostos em Capanema, de 18,5 mil habitantes. Segundo o prefeito Milton Kafer (PMDB), a falência da empresa seria um "caos social" porque teria reflexo em toda a economia da cidade. De acordo com ele, um terço do ICMS primário (produção) e agregado (industrialização) gerado em Capanema vem do frigorífico. Isso representa de R$ 250 a R$ 300 mil mensais.
Nimésio Alsídio Erthal, presidente do Sindicato Rural, diz não acreditar em uma recuperação da Diplomata e defende que outro grupo empresarial ou uma cooperativa assuma o frigorífico. "Se não tiver investimentos de outras fontes acredito que por si só a Diplomata não vai conseguir dar volta não", afirma.
A cidade aposta no início da construção da Usina do Baixo Iguaçu, prevista para o primeiro trimestre, para fortalecer a economia. A obra deve gerar aproximadamente 2,5 mil empregos.
A Diplomata informou que os funcionários só entrarão em férias coletivas após a retirada e abates das aves que estão nas granjas e reafirmou a vontade de retomar suas atividades.